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Bombardier queria projecto imobiliário e garantia de encomendas
A Bombardier queria garantias, no quadro das negociações relativas a parte da unidade da Amadora, de que a Câmara da Amadora autorizaria um empreendimento imobiliário na área que não seria ocupada pela CP. Esta era uma das condições de partida das negocia
A Bombardier queria garantias, no quadro das negociações relativas a parte da unidade da Amadora, de que a Câmara da Amadora autorizaria um empreendimento imobiliário na área que não seria ocupada pela CP. Esta era uma das condições de partida das negociações com a empresa pública que foi considerada inaceitável, revelou hoje o ministro das Obras Públicas.
Segundo Mário Lino, que falava na comissão parlamentar das Obras Públicas, a multinacional queria ainda assegurar a associação à Emef em qualquer concurso de manutenção ou produção a que a participada da CP concorresse e garantir a adjudicação nos concursos de material circulante em curso, o das locomotivas lançado pela operadora e o das unidade «tram-train» do Metro do Porto.
Estas condições, acrescentou, foram também recusadas já que colocam em causa as regras da concorrência. Outra exigência era a de que nas instalações da Amadora só fossem usados equipamentos da Bombardier.
O ministro esclarece que houve uma grande evolução da posição negocial da Bombardier que cedeu em algumas destas posições, o que permitiu chegar a um acordo de princípio com a filial portuguesa sobre os valores e um contrato de assistência técnica válido por dois anos.
No entanto, quando as minutas de contrato propostas pela CP chegaram ao «board» (comissão executiva) da Bombardier, começou o silêncio por parte da multinacional que pediu mais tempo para analisar os documentos do ponto de vista legal.
Depois, diz, «recebemos uma carta (da Bombardier) a dizer que não podia ser assim» e que as negociações teriam de voltar à fase inicial.
Foi nessa altura, que o Ministério decidiu avançar para a expropriação que, diz, fazia já parte dos planos apresentados pelo Governo à CP para promover a capacidade produtiva ferroviária em Portugal.
Os deputados da Oposição alertaram para o facto da expropriação, decidida pelo Governo, não abranger os equipamentos nem o «know-how» e a tecnologia necessárias à produção de comboios, mas apenas instalações e área que, por si, não permitem cumprir o objectivo de viabilizar a retoma da actividade de fabrico.
As consequências da assunção por parte da CP da Amadora para as instalações e actividades da Emef foram questões que ficaram sem resposta.