Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

"Bomba atómica" na política portuguesa preocupa empresários

Desde um possível atraso nos projetos do Portugal 2030 e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) à instabilidade que pode sair de uma dissolução da Assembleia da República, empresários ouvidos na 13ª edição dos Prémios Exportação e Internacionalização admitem preocupação.

Duarte Roriz
07 de Novembro de 2023 às 19:27
  • ...
A crise política que esta terça-feira se instalou em Portugal e que levou o primeiro-ministro, António Costa, a demitir-se adensa um cenário já complicado para as empresas. Num contexto de juros elevados e de uma inflação que resiste em dar tréguas, os empresários portugueses lidam hoje com instabilidade acrescida em território nacional. 

"Claro que todos ficamos preocupados porque não vemos o que vem a seguir. O que mais queremos é estabilidade e o que aconteceu hoje é uma instabilidade", admitiu Nuno Rangel, CEO da Rangel Logistics Solutions, durante uma mesa redonda durante a 13ª edição dos Prémios Exportação e Internacionalização - iniciativa do Novo Banco em associação com o Jornal de Negócios.

Também Mário Simões, CEO da SIRL (Simões & Rodrigues), quando questionado sobre o que antecipa para o próximo ano, assumiu ver com alguma preocupação a incerteza provocada pela "bomba atómica" de hoje, uma vez que "o mercado português tem, de certa forma, um peso considerável [na empresa]".

Uma das preocupações entre os empresários é que projetos no âmbito do Portugal2030 e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não avancem, diz Andrés Baltar, administrador do Novo Banco.

"O que mais me preocupa nesta crise é que programas do Portugal2030 e do PRR fiquem parados (...) seria uma pena não poder aproveitar os fundos europeus", disse, acrescentando que "há riscos de isso acontecer".

Mário Simões admite também que "há sempre possibilidade" de um travão no PRR afetar o setor da construção. "Mas quando está em queda é que nós investimos", assegurou.

Gonçalo Lobo Xavier, membro do júri dos prémios e diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), defende que "o país não vai parar", mas assume que o dia de hoje foi de "angústia", uma vez que a demissão de António Costa faz caducar a proposta do Orçamento do Estado para 2024. 

"Estou 
angustiado com o dia de hoje. Não porque esperávamos algumas alterações [no OE], mas porque vamos entrar num período extremamente difícil de desconversar quando os governos e empresas deviam era estar concentrados na resolução de problemas", atirou, destacando que, independentemente da decisão que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, venha a tomar "nenhuma situação é boa".

"Portugal é conhecido internacionalmente nas suas decisões de investimento. A AICEP diz que [Portugal] é um país seguro e com estabilidade política, mas, como veem, tudo isso está a ser posto em causa", justificou Lobo Xavier.

Uma possível dissolução da Assembleia da República causa preocupação, sobretudo numa altura em que "temos visto países que não conseguem criar Governo", admite Nuno Rangel. Para Mário Simões, se tal acontecer, o pedido é que a solução que resulte de um novo Executivo "seja moderada".


Sobre impactos que a crise política pode ter na hora de investir, o CEO da Rangel-Distribuição e Logística diz que não está, neste momento, em cima da mesa refrear investimento, "mas tudo pode mudar rapidamente". Admite, contudo, que a médio-longo prazo isto "possa penalizar empresas estrangeiras que queiram entrar em Portugal". 

Ver comentários
Saber mais Prémios Exportação e Internacionalização
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio