O Banco Espírito Santo (BES) não aceita alterações às condições em que a privatização da operadora nacional foi efectuada se tal for prejudicial à PT, afirmou Ricardo Salgado, presidente do banco, quando questionado sobre a eventual compra da rede fixa ao Estado pela PT.

A afirmação indicia que o BES [BESNN], maior accionista da Portugal Telecom com 10%, não é favorável à possibilidade da operadora nacional adquirir a rede fixa que lhe foi concessionada pelo Estado por um prazo de 30 anos, se se verificar que a operação não seja rentável.

Esta hipótese tinha sido aventada no final do ano passado, altura em que antigo Governo socialista admitia a possibilidade de venda da rede fixa à PT para reduzir o défice orçamental.

«Se o Estado está eventualmente interessado em vender a rede fixa à PT, é uma alteração das condições da privatização da PT e, portanto, isso deve ser apreciado pelos accionistas no conselho de administração da PT que se devem manifestar no momento oportuno», afirmou ontem Ricardo Salgado num jantar promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC.

«Não aceitamos do nosso lado que haja uma alteração das regras da privatização em prejuízo da PT [PTC]», acrescentou o mesmo responsável.

Ricardo Salgado defendeu igualmente que «é fundamental que o Governo tenha em consideração as condições em que a empresa foi privatizada».

No final do ano passado, a rede fixa concessionada à Portugal Telecom (PT) estava avaliada em cerca de 500 milhões de euros.

O BES é accionista da PT há cerca de 30 anos, numa parceria que foi iniciada com a entrada do banco no capital da então Marconi.

As acções da PT seguiam nos 6,23 euros, a subir 2,3%.