O Banco Comercial Português (BCP) está novamente em alta, pela segunda sessão consecutiva. Em dois dias, os títulos do maior banco privado nacional recuperaram quase 8%, mas as perdas acumuladas este ano superam ainda os 30%, em virtude da perspectiva dos investidores de que o banco irá fazer um aumento de capital, ou vender activos, para reforçar os seus rácios.

Na sessão de hoje, o BCP [bcp] já esteve a ganhar 4,86%, seguindo em alta de 3,24%, a cotar nos 1,91 euros. Ontem, os títulos da instituição liderada por Santos Ferreira somaram 4,52%, num dia de forte volatilidade em que as acções chegaram a perder quase 4% no início da negociação.

O BCP está assim a recuperar de um período negativo, que levou o banco para mínimos de quatro anos. "A única explicação para esta subida é uma recuperação técnica pois o BCP foi muito penalizado", afirmou um analista à Reuters, sendo que John dos Santos sublinhou ao Jornal de Negócios, que o "banco está a beneficiar da aproximação de resultados e da expectativa de clarificação com a apresentação ou não de novos moldes do plano Millennium 2010".

As acções do banco têm sido fortemente penalizadas em bolsa, este ano, com o mercado a perspectivar um aumento de capital para que o BCP reforce os seus rácios de capital, que se encontram debilitados. Segundo as estimativas dos analistas consultados pelo Jornal de Negócios, o "core Tier 1" do BCP deverá situar-se em 4,8%.

Ontem foi avançado que o banco estaria a preparar o anúncio de um aumento de capital no valor de mil milhões de euros, a opção mais viável, neste momento, para atingir os objectivos do BCP. Os analistas consideram que para que a operação seja bem sucedida, o banco tenha de vender novas acções com um desconto entre 10% e 20% face aos níveis actuais.

A hipótese de venda de activos é vista como um cenário menos provável, pelas casas de investimento. No entanto, na edição de hoje, o "Diário Económico" noticia que o BCP poderá vender as operações na Grécia, Turquia e nos EUA, reduzindo, desta forma, o valor do aumento de capital.

Na opinião da ES Research, estas unidades "têm um peso diminuto nos resultados consolidados" do banco, sendo que, neste contexto, "não prevemos que o BCP realize um encaixe significativo com a eventual alienação destas operações". Os analistas Tiago Dionísio e Carlos Cobo sublinham que "as vendas destes activos representará uma clara mudança na estratégia destas operações".