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As 10 maiores fusões de sempre
A fusão da AB InBev com a SAB Miller, ainda pendente, entra directamente para a terceira posição das maiores fusões e aquisições de sempre, de acordo com a lista disponibilizada pela Dealogic. Conheça as 10 maiores fusões e aquisições de sempre.
A luta foi dura e considerada, então, longa. A Vodafone Air Touch ousou avançar sobre a alemã Mannesmann. A batalha de três meses terminou em Fevereiro de 2000 com o acordo amigável para a fusão. Que ainda está no topo dos maiores negócios de sempre. Foram quase 180 mil milhões de dólares (ao câmbio actual são cerca de 150 mil milhões de euros) e até conseguiu superar a mega-fusão, de então, entre a AOL e a Time Warner que agora fica assim como a quarta operação de sempre a nível mundial. Os anos da euforia em torno das telecomunicações e tecnológicas estavam ao rubro. Poucos meses depois da fusão entre a Vodafone e a Mannesmann a bolha das "dotcom" rebentava.
A Vodafone, no entanto, passava a ser das maiores operadoras europeias. A maior em termos de operações móveis com 42,3 milhões de clientes.
Mais do que uma operação de mercado, esta compra representou, então, a investida de uma empresa britânica no "protegido" mercado alemão. Uma investida hostil… que o presidente de então da Vodafone, Chris Gent, e o da Mannesmann, Klaus Esser, alcançaram após dias de batalhas e guerra de palavras.
No final, o machado de guerra foi enterrado. "Ambos somos vencedores", declarou Gent depois de ter voado no seu jacto privado para Dusseldórfia para chegar a entendimento, conforme relataram então os jornais.
Longe já iam os tempos da famosa euforia das "dotcom" quando se concretizou a segunda maior operação de sempre, incluindo todos os sectores, e tendo em conta um levantamento disponibilizado pela Dealogic ao Negócios.
Foi a compra dos 45% da Verizon Wireless, nos Estados Unidos, pela Verizon. A compra, em 2013, foi ao grupo Vodafone que ficou com 130 mil milhões de dólares (113,6 mil milhões de euros). A Verizon é a maior operadora móvel dos EUA. Na altura da aquisição tinha 98,9 milhões de clientes, à frente da AT&T. E com o dinheiro conseguido a Vodafone lançou o seu próprio plano de investimento, o projecto Spring, que, no entanto, ainda não levou a qualquer mega-fusão pelo operador britânico, embora já tenha sido falada a possibilidade de a empresa avançar para a compra da operadora de cabo Liberty.
Apesar de no ranking mundial não ser uma compra que entre nos radares, o dinheiro encaixado pela Vodafone permitiu que a empresa comprasse em Espanha a Ono por um valor superior a sete mil milhões de euros.
Só depois destas duas mega-aquisições, em 2000 e 2013, com um dos protagonistas a ser igual (Vodafone) é que se chega à terceira maior aquisição que poderá concretizar-se este ano. É a compra da SAB Miller pela AB InBev, que vai criar o mega-operador no mercado das cervejas. As duas empresas já eram as maiores no mercado e a AB InBev até já tinha resultado de outra mega operação, a compra da AB pela InBev. Esta aquisição nas cervejas está avaliada em cerca de 122 mil milhões de dólares, de acordo com os dados da Dealogic. Ainda não está concretizada.
Na quinta posição deste ranking surge a indústria farmacêutica, com a compra da Warner-Lambert pela Pfizer. O Wall Street Journal começava assim o artigo no qual noticiou a fusão, que é ainda a maior neste sector: "Pfizer e Warner-Lambert anunciaram uma fusão de 90 mil milhões de dólares, pondo fim ao maior drama de uma oferta hostil na história dos Estados Unidos e criando a segunda maior companhia farmacêutica no mundo".
Foi um drama de três meses. Até porque a Warner-Lambert chegou a ter um pacto de fusão com a American Home Products, que acabou por aceitar afastar-se com uma comissão choruda, de 1,8 mil milhões de dólares. E esta é a única operação no competitivo sector farmacêutico que está no top 10 das maiores fusões e aquisições de sempre.
É nos tabacos que surge a sexta maior operação. Quando os accionistas da Philip Morris resolveram, em 2008, fazer o "spin off" da empresa que detém a Tabaqueira. Quem detinha a Philip Morris International era o grupo Altria. A operação ficou avaliada em 111 mil milhões de dólares (97 mil milhões de euros ao câmbio actual).
A sétima operação volta ao mercado das telecomunicações com a compra da BellSouth pela AT&T por cerca de 100 mil milhões de dólares (87 mil milhões de euros). A AT&T, a quem em 1984 foi imposto uma cisão da actividade, voltava assim a ter uma cobertura quase nacional nos Estados Unidos. Foi a sua primeira grande aquisição desde que foi partida. A empresa ficou assim com 67,5 milhões de clientes fixos. E mais de 300 mil trabalhadores.
A AT&T viria ao longo dos anos a concretizar mais aquisições, voltando a ser uma das maiores operadoras norte-americanas mas sem que conseguisse voltar ao ranking das 10 maiores operações.
No sector financeiro, que tem sofrido turbulências grandes a nível mundial, tendo atravessado uma profunda crise, iniciada em 2008, só surge uma mega fusão e antes desse período- Foi a concretizada em 2007 quando a o Royal Bank of Scotland, o Santander, e o Fortis adquiriram o ABN Amro, dividindo-o em três partes. Royal Bank of Scotland e Fortis acabariam em mãos nacionais, dos respectivos países, depois da crise. Mas para a história ficou a OPA, em 2007, do RBS, Fortis e Santander sobre o banco holandês por 95,6 mil milhões de dólares (83,5 mil milhões de euros).
Só nas duas últimas posições do top 10 é que surgem operações na área das petrolíferas. Uma ainda pendente. Já concluída, e na nona posição está a compra da Mobil pela Exxon, que tomou o nome de Exxon Mobil. Em 1998 entrava para o ranking como a maior fusão de sempre, por 85,6 mil milhões de dólares (74,8 mil milhões de euros). Na altura dizia-se que a empresa ficaria com 123 mil trabalhadores, receitas de 200 mil milhões de dólares. Era produtora de 2,5 milhões de barris de petróleo por dia.
Ainda em valores que a colocam como a décima maior fusão de sempre está a operação, ainda pendente, da compra da BG Group pela Shell, que tem suscitado várias interrogações aos reguladores. Mas as empresas têm assegurado que a fusão é mesmo para se concretizar.
De qualquer forma, duas fusões deste ano conseguem entrar directamente para o top 10 das maiores fusões e aquisições. É também perceptível que os Estados Unidos da América são os maiores investidores em grandes aquisições, mas também os maiores vendedores.
Data anúncio | Valores (milhões de dólares) | Estado | Alvo | Nacionalidade | Sector | Comprador | Nacionalidade | Sector | Bancos assessores |
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