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António Mega Ferreira, inventor da Cidade Imaginada

No termo do verão de 1989 António Mega Ferreira fechou-se na sua casa de fim de semana no Penedo. Pegou na sua videowriter Phillips e escreveu um memorando dirigido ao Governo. Aí se definiam os termos do que poderia ser uma exposição internacional em Lisboa no ano de 1998
20 de Maio de 2023 às 15:30

Esta pode ser considerada a certidão de nascimento daquela que viria a ser a extraordinária Expo ’98. E tão bem escrito e fundamentado estava o dito memorando que, passado apenas um mês, já estava a seguir carta oficial do Ministro dos Negócios Estrangeiros, João de Deus Pinheiro, para o Bureau International des Expositions, em Paris, anunciando a intenção do Governo de Portugal de organizar uma Expo em 1998.

A ideia nascera – isso é sabido – num almoço (o mais famoso bacalhau à Brás de que há memória) entre Vasco da Graça Moura e António Mega Ferreira. Acontecera no inevitável Martinho da Arcada, o café tão ligado a Fernando Pessoa, figura de referência dos dois intelectuais.

Comissário-Geral e Comissário-Geral Adjunto da Comissão dos Descobrimentos, Vasco da Graça Moura e António Mega Ferreira pensaram, e bem, que, a não existir um evento marcante que projetasse o país para o mundo, as comemorações das viagens de há cinco séculos se perderiam num conjunto de iniciativas de inegável valia mas que corriam o risco de se diluírem uma após outra e não sublinharem como era devido a importância de Portugal como fazedor da primeira aldeia global.

A partir daí o palco vai ser de Mega Ferreira. Graça Moura mantinha-se na retaguarda da Comissão dos Descobrimentos e era criada uma Comissão de Promoção da candidatura chefiada por Mega. O risco era máximo.

Portugal nunca fizera nada semelhante, não estava habituado a ganhar eventos mundiais, do outro lado sabia-se que poderia vir como veio a aparecer a todo-poderosa Toronto a querer o mesmo propósito. Como era habitual, os meios financeiros eram escassos, o staff ridiculamente pequeno, uma dezena de pessoas. Parecia impossível.

Ao ser lançado às feras – ou a lançar-se ele próprio a elas, talvez – Mega Ferreira iria evidenciar num só projeto todo o génio da sua personalidade, a sua inteligência e cultura fulgurantes, a par de um insuspeitado sentido de gestor e de político.

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