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Virgolino Faneca faz entrevista de vida a Renato Sanches

Depois do gelo islandês, Portugal vai enfrentar a valsa austríaca e a seguir os sortidos húngaros. Pelo meio, Virgolino Faneca consegue um furo jornalístico, uma entrevista a Renato Sanches. É ler.

17 de Junho de 2016 às 17:00
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Tal como prometido, aqui vai a última entrevista da série Euro 2016, já depois do jogo Portugal-Islândia. Aliás, muitos comentadores criticaram a falta de imaginação da Selecção, mas eu tenho para mim que esse é um padecimento transversal à sociedade portuguesa. Basta, para tal, contar o número de vezes que os jornais escreveram gelo ou gelado para ilustrar o empate da Selecção das Quinas com os islandeses, para constatar que os lugares-comuns e a falta de imaginação estão disseminados.

Cá para mim, Ursino, depois do jogo de sábado com a Áustria, consoante o resultado, os jornais vão titular "Portugal Fez a Áustria Valsar" ou "A Áustria Fez Portugal Dançar a Valsa". Se for empate, a frase "A Valsa do Costume" cairá que nem ginjas. Depois, no jogo com a Hungria, é só usar a palavra magiar para fazer magia nos títulos ou então recorrer aos afamados sortidos húngaros para atingir o esplendor tituleiro.

Mas vamos ao que interessa, que é a entrevista exclusiva com Renato Sanches.

 

Virgolino Faneca (VF) – Ficou contente por ter sido convocado?

Renato Sanches (RS) – Ya. Bué. O mister Luís Filipe Vieira já me tinha avisado que ia ser convocado.

VF – Mas o mister é o Fernando Santos?

RS - Ya, isso a mim também me está a fazer confusão. O mister Vieira é que me convocou, mas agora quem nos está a treinar é o mister Fernando Santos. Eles é que sabem, mano. Eu estou cá é para jogar.

VF – Vai para o Bayern de Munique. Está feliz com a transferência?

RS – Ya, os gajos têm um festival da cerveja que deve ser bué da nice para comemorar os títulos.

VF – Os seus críticos dizem que é um jogador agressivo?

RS – Isso é porque nunca viveram na Musgueira.

VF – Qual é o seu jogador preferido?

RS – O Reinaldo.

VF – Não quer dizer Ronaldo?

RS – Não, cota. É mesmo o Reinaldo. O avançado do Benfica, o tipo era bué raçudo e inventaram umas cenas giras sobre ele e uma chavala das Doce.

VF – Mas quando o Reinaldo jogou você ainda nem era nascido!

RS – E depois? Você gosta do Camões e também não era nascido quando ele escreveu aquela cena dos Lusíadas.

VF – E o Cristiano Ronaldo?

RS – Ya, é um tipo fixe. Tenho aprendido muito com ele.

VF – Ele é bom professor?

RS – Ya. Já me ensinou a usar uma pochete, a fazer as sobrancelhas e a pôr brincos.

VF – A sua idade, 18 anos, é um tema que tem gerado controvérsia.

RS – Contra quê?! Eu não sou contra ninguém, pá. Eu tenho 18 anos, feitinhos a 29 de Fevereiro, que celebro de quatro em quatro anos com a minha família e os putos lá do bairro. É preciso fazer-te um desenho?

VF – Como é que a Selecção está depois do empate com a Islândia?

RS – Não compreendo o que se passou, cota. Fartámo-nos de treinar na PlayStation e ganhávamos sempre. O mister viu que alguma coisa estava mal e agora estamos a treinar na Wii para ganhar à Áustria.

VF – Mas isso não é real. É fantasia.

RS – E depois, cota?! Achas que é real os portugueses pensarem que a Selecção pode ganhar o campeonato da Europa? Então cala-te e bute aí fazer um joguinho na Wii. Eu jogo com o Bayern.


Virgolino Faneca

Quem é Virgolino FanecaVirgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.
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