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Receitas da Primeira Liga portuguesa não chegam a 7% das do maior campeonato europeu
A Deloitte publicou um estudo sobre as receitas das grandes ligas de futebol europeias. Portugal continua na segunda divisão. Com um agravante: as receitas em Portugal estão concentradas em três clubes, muito devido ao facto de se continuar a negociar direitos de transmissão de forma individual.
A Primeira Liga gerou mais receitas na época 2016/2017, mas ainda assim continua a "anos-luz" dos grandes campeonatos. A Deloitte publicou um estudo onde salienta que Portugal é o único mercado, entre os 14 analisados, que continua a negociar direitos de transmissão individualmente, o que provoca desigualdades significativas nas receitas conseguidas.
"As ‘cinco grandes’ ligas europeias aumentaram as suas receitas conjuntas em 1,3 mil milhões de euros (9%) em 2016/2017, sobretudo devido às receitas dos direitos de transmissão", salienta a Deloitte no estudo publicado. Este aumento de receitas, face à época anterior, registado por estas cinco ligas corresponde à totalidade das receitas angariadas por seis ligas mais pequenas, incluindo Portugal.
Mas este crescimento foi transversal, com as receitas a aumentarem também nas outras ligas. Ainda assim, o crescimento observado nestes cinco grandes mercados (Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França) foi bastante superior.
Na Primeira Liga de Portugal o aumento das receitas totais foi de 6% para 366 milhões de euros. Este valor corresponde a 6,91% do total conseguido pela Liga Inglesa.
No estudo, a Deloitte analisou os 18 clubes de futebol que compõem a Liga, concluindo que a média de receitas por clube é de 20 milhões de euros. Analisando os relatórios e contas dos três grandes clubes de futebol nacional, é possível verificar que só estes três registaram receitas de 307 milhões de euros. O Benfica teve receitas de 128,2 milhões de euros, o Porto de quase 99 milhões de euros e o Sporting de 80 milhões de euros.
E é este o ponto destacado no estudo da Deloitte sobre a Liga portuguesa. "A Primeira Liga é agora a única das grandes ligas onde os direitos de transmissão dos clubes são vendidos numa base individual, o que resulta numa desigualdade significativa de receitas. Esta disparidade é ainda reforçada pelas receitas distribuídas pela UEFA que, consistentemente, são direccionadas sempre para os mesmos três clubes: Benfica, Porto e Sporting, que geram a maior parte das receitas."
O estudo da Deloitte salienta ainda que, de uma forma geral, "a situação financeira do futebol europeu parece mais saudável do que em muito tempo, reflectindo a popularidade mundial do jogo, mas também o profissionalismo da liderança dos clubes e o fortalecimento do ambiente regulatório."
E, num ano de Campeonato do Mundo, a Deloitte realça que esta competição "vai ter influência no mercado de futebol europeu nos próximos dois anos". Numa primeira fase, o impacto será sentido através "das receitas geradas directamente por este campeonato." E, depois, de uma forma mais residual, deverá elevar o futebol russo.
Ainda assim, não é esperado que este evento reduza a distância da Rússia em relação às cinco maiores ligas europeias, sublinha o estudo. Não se prevendo, "num futuro próximo", que o ranking passe a contar com "seis grandes ligas".