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Portugal é rei das transferências? Sim, mas cedeu o trono este verão

Os clubes portugueses tiraram este verão menos proveito das transferências, no balanço entre compras e vendas, ficando a milhas da Championship inglesa. A Premier League é a que mais perde. E adivinhem quem vem a seguir.
Vítor Rodrigues Oliveira 12 de Setembro de 2023 às 18:00

Serão tempos de bonança? Não necessariamente, mas há, pelo menos, capacidade de investimento entre os clubes portugueses, e isso ajuda a explicar porque é que esta janela de verão, na diferença entre compras e vendas de jogadores, foi mais fraca, rendendo apenas 99,3 milhões de euros no conjunto dos 18 clubes da primeira liga, segundo os dados do site especializado Transfermarkt consultados pelo Negócios.

Para encontrar outro valor mais baixo do que neste verão será necessário recuar a 2021/22 (50 milhões) e, antes disso, apenas aos 88 milhões de 2014/15, que chegaria aos 135 milhões no total da época, com entrada e saída de jogadores marcantes para o futebol português — saíram, entre outros, Mangala, Fernando e Otamendi (FC Porto); Markovic, Oblak, Enzo Pérez, Garay, Cardozo e Bernardo Silva (Benfica); Marcos Rojo e Eric Dier (Sporting); e chegaram Aboubakar, Adrián Lopez, Brahimi e Marcano (FC Porto); Samaris, Cristante e Talisca (Benfica); e Fredy Montero (Sporting).

Quase uma década depois, os valores praticados no mercado são bem superiores e a capacidade de investimento também é distinta. Na época passada os clubes portugueses gastaram em jogadores um valor nunca antes visto por cá (241,6 milhões de euros, dos quais 212 milhões no verão). E foi também a época que mais receitas brutas gerou, num total de 639,8 milhões de euros em toda a época, deixando a boa distância a segunda com mais gastos (os 524,6 milhões de 2019/20).

Agora, as SAD (Sociedades Anónimas Desportivas) da Liga Portugal reforçaram os seus plantéis com mais 190,5 milhões, naquele que é o segundo verão com maiores gastos em passes de jogadores.

O aumento de competitividade na liga portuguesa — na luta pelo título —, tendo agora um Sporting estabilizado e o Braga como candidato, não será fator irrelevante nesse investimento, a que se junta, nesta época, a especial necessidade de garantir uma vaga na Liga dos Campeões. É que Portugal foi ultrapassado pelos Países Baixos no ranking da UEFA, o que significa que há menos uma vaga para equipas da primeira liga e que o segundo classificado já não entra de forma direta. E ao mesmo tempo, como a UEFA está sob pressão dos gigantes europeus para que haja mais receitas, o bolo a distribuir será bem maior. Resultado: é mais difícil lá chegar, mas quem conseguir fica com uma vantagem incomparável face aos demais. Os maiores clubes pensam, por isso, duas vezes antes de vender e tentam reter, na medida do possível, os principais jogadores.


Uma década de ganhos elevados

Nos últimos 10 anos, a diferença entre entradas e saídas de jogadores do primeiro escalão do futebol português foi positiva em mais de dois mil milhões de euros, segundo os dados do Transfermarkt, deixando a larga distância os outros campeonatos mundiais: a Eredivisie, dos Países Baixos, teve um ganho acumulado de 1,4 mil milhões desde 2014/15; o Brasileirão, teve saldo positivo de 1,23 mil milhões de euros; e o Championship (segunda liga inglesa) 1,1 mil milhões. No pelotão abaixo dos mil milhões lidera a Argentina (884 milhões).

Mesmo se a análise se restringir a cinco anos, o que ainda abrange o último verão pré-pandemia (em 2019), a primeira liga portuguesa continua na liderança desta estatística, com quase 1,1 mil milhões, apesar de a distância encurtar bastante para o segundo lugar, agora ocupado pelo Championship (953,1 milhões), que ultrapassa o principal campeonato neerlandês (899 milhões).

O restante top 10 a cinco anos é ocupado pelo campeonato brasileiro, a liga argentina, a segunda liga francesa, a Bundesliga austríaca, o campeonato belga, a segunda divisão espanhola e a segunda divisão alemã.


Pouco contributo do Benfica

Esta janela de mercado conta uma história diferente do verão passado e da generalidade de outras épocas da última década, com Portugal a surgir apenas na oitava posição a nível mundial entre os que mais aproveitam financeiramente as transferências.

O saldo positivo de 99,1 milhões de euros que os 18 clubes da Liga Portugal têm para já estão muito longe dos 258,7 milhões do verão passado (em que depois, muito à boleia da venda de Enzo Fernandez para o Chelsea, disparou para os 389 milhões no conjunto da época — o saldo mais elevado de sempre na primeira liga portuguesa).


Esta época, é o Sporting que mais está a contribuir para um saldo positivo, com 69,5 milhões de euros, fruto sobretudo das vendas de Manuel Ugarte (60 milhões) e Pedro Porro (40 milhões), que permitem mais do que cobrir o grande investimento feito em jogadores como Viktor Gyokeres (20 milhões) ou Hjulmand (18 milhões). No total, gastou 54 milhões mas recebeu 123,5 milhões, segundo o Transfermarkt.

Nota apenas para o facto de estas contas não se refletirem de forma linear nos relatórios e contas dos clubes, uma vez que as compras de jogadores, sendo investimento, são inscritas na demonstração de resultados através de amortizações ao capital, distribuídas de forma igual pelos anos de contrato: um jogador que custa 10 milhões de euros, com cinco anos de contrato, por exemplo, só vai representar 2 milhões de euros dos lucros ou prejuízos desta época. 

Também o FC Porto contribuiu com 34 milhões neste verão, devido à venda do passe de Otávio para o Al-Nassr. O clube saudita, onde joga Cristiano Ronaldo, pagou 60 milhões de euros. Juntando a venda de Diogo Leite aos alemães do Union Berlin, os dragões fizeram vendas de 67,5 milhões, duplicando o valor investido (33,4 milhões) nos espanhóis Iván Jaime (10 milhões), Nico González (8,4 milhões) e Fran Navarro (7 milhões) e no argentino Alan Varela (8 milhões).

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