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Infantino eleito novo presidente da FIFA

O ítalo-suíço venceu a corrida à liderança da FIFA e terá agora a responsabilidade de renovar a imagem da instituição, muito ligada ao fenómeno da corrupção. O Congresso também aprovou um pacote de reformas aos estatutos da FIFA.

Reuters
26 de Fevereiro de 2016 às 17:08
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Gianni Infantino, 46 anos de idade, é o novo presidente da FIFA, o organismo responsável pela gestão do futebol mundial. O ítalo-suíço venceu as eleições à segunda volta, tendo recolhido 115 votos das 207 associações nacionais de futebol com direito de voto no Congresso da FIFA que decorreu esta sexta-feira, 26 de Fevereiro, em Zurique.

 

Apesar de ter vencido a primeira votação com 88 votos, mais três do que os alcançados pelo sheik Salman bin Ebrahim al-Kalifa, do Bahrain, Infantino teve de se sujeitar a uma segunda votação por não ter conseguido os dois terços de votos (138 do total de 207) necessários para garantir a eleição à primeira volta. 

Nesta segunda ronda, em que bastava uma maioria simples, além dos 115 votos obtidos por Infantino, o sheik Salman conseguiu 88 votos, o príncipe Ali Bin al-Hussein da Jordânia ficou-se pelos quatro votos, enquanto o francês Jérôme Champagne, ex-secretário-geral da FIFA, não obteve nenhum voto. Só estes quatro candidatos levaram a candidatura até ao final. Ainda antes de começar a primeira votação, o sul-africano Tokyo Sexwale retirou a sua candidatura.

 

Agora, o até aqui secretário-geral da UEFA, também conhecido pela apresentação de várias cerimónias e sorteios da confederação europeia, passará a ocupar o mais elevado cargo do futebol mundial. Como nota a agência Bloomberg, Infantino, que sucede ao também suíço Joseph Blatter, tornar-se-á no segundo presidente consecutivo da FIFA originário do cantão helvético de Valais. Blatter conduziu os destinos da FIFA desde 1998, ano em que sucedeu ao brasileiro João Havelange, que também cumpriu vários mandatos à frente do organismo.

 

Infantino é visto por muitos como um candidato de recurso. Isto porque apresentou a sua candidatura mesmo em cima do prazo limite, já depois de Michel Platini, ex-presidente da UEFA, ter sido impedido de se candidatar, acabando por ser banido, juntamente a Blatter, do dirigismo desportivo por um período de oito anos, pena entretanto reduzida para apenas seis.

 

Antes das eleições de hoje, Infantino reconhecia que "há cinco meses atrás não pensava ser candidato" e revelava que entretanto muitas coisas haviam mudado. Uma delas terá sido o impedimento à candidatura do francês Platini, de quem Infantino era próximo. Importante para esta eleição terá sido ainda o contributo garantido por importantes figuras do futebol mundial, entre elas José Mourinho e Luís Figo. O antigo jogador português chegou a concorrer contra Sepp Blatter, no ano passado, mas acabou por desistir ainda antes do Congresso da FIFA.

 

Mas se esta eleição foi difícil, os próximos anos não deverão ser mais fáceis para o advogado fluente em várias línguas. Infantino tem sobre os ombros a responsabilidade de regenerar a imagem da FIFA, fortemente atingida pelos inúmeros casos de corrupção que, ao longo das duas últimas décadas, envolveram vários dos seus dirigentes. Tem ainda a tarefa de ultrapassar o cepticismo dos muitos que não acreditam que uma simples mudança de liderança será capaz de alterar profundamente os velhos hábitos da instituição.

 

A atribuição da organização dos Mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar, respectivamente, continuará a ser um tema quente, devido às notícias e investigações em curso sobre a alegada compra de votos para que fossem estes os países anfitriões. Há ainda casos relacionados com ilegalidades na atribuição dos direitos televisivos e dos fundos financeiros distribuídos pelas associações que integram o organismo. Actualmente, há praticamente 40 pessoas ligadas à FIFA detidas por suspeitas de corrupção.

 

Se a realização do Mundial de 2018 na Rússia é um dado praticamente adquirido, o mesmo não se poderá ainda garantir com absoluta certeza em relação ao Qatar, até porque há muitos opositores à realização do evento durante o período de Inverno, alternativa encontrada para salvaguardar as elevadas temperaturas que se fazem sentir naquela região durante o Verão.

Delegados também aprovaram pacote de reformas

 

Antes da eleição, os delegados ao Congresso da FIFA hoje realizado em Zurique aprovaram um pacote de reformas aos estatutos, estrutura directiva e funcionamento da instituição.

 

Estas propostas foram apresentadas por um Comité criado para o efeito no Verão passado, na sequência do escândalo provocado com a detenção de 14 dirigentes e ex-dirigentes da instituição por suspeitas da prática de corrupção. As reformas foram aprovadas com 179 votos favoráveis e apenas 22 contra.

 

São quatro as principais mudanças propostas no sentido de expurgar as práticas de corrupção do "modus operandi" da instituição:

1-    O Comité Executivo, até aqui composto por 24 elementos (a que se juntava um 25º, o presidente da FIFA), passará a integrar 36 dirigentes e mudará de nome para Conselho da FIFA. Terão de fazer parte do Conselho um mínimo de seis mulheres. O Conselho da FIFA terá a competência de supervisionar a gestão da organização;

2-    O presidente, os membros do Conselho, dos Comités de Auditoria e dos órgãos jurídicos da FIFA ficam limitados ao cumprimento máximo de três mandatos de quatro anos;

3-    Todos os candidatos a delegados ao Congresso da FIFA (responsável pela escolha do presidente da instituição) serão sujeitos a uma análise prévia realizada por um Comité independente a criar com esse intuito;

4-    Os salários de todos os dirigentes de topo da FIFA passarão a ser públicos, incluindo os do presidente e dos membros do Conselho, contrariamente ao que até aqui sucedia. Era conhecida a rubrica total de despesa com salários, mas não eram divulgados os salários individualmente. 

(Notícia actualizada às 18:15)
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