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Dona da Somague cai 8% em bolsa depois de ameaçar suspensão de trabalhos no Panamá

A construtora espanhola Sacyr, integrada num consórcio internacional, acusa a autoridade do Panamá de "graves incumprimentos", pedindo que sejam cobertos os sobrecustos previstos numa obra no Canal do Panamá. A autoridade recusa-se a fazê-lo. Entretanto, as acções da Sacyr já caíram perto de 19%.

Bloomberg
02 de Janeiro de 2014 às 13:38
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A Sacyr, detentora da Somague, começou o ano em forte queda em bolsa. As acções da empresa espanhola já marcaram deslizes de dois dígitos na sessão de 2 de Janeiro. Um movimento negativo depois de o consórcio integrado pela construtora ter anunciado a paralisação dos trabalhos no Canal do Panamá devido a eventuais sobrecustos na obra.


Na bolsa de Madrid, as acções da Sacyr negoceiam a perder 8,20% para negociarem nos 3,458 euros. As acções já estiveram, no início da sessão, a recuar um máximo de 18,77%, altura em que tocaram nos 3,06 euros, um mínimo desde Setembro deste ano. Já foram trocados mais de 14 milhões de títulos quando a média diária dos últimos seis meses é de 5,5 milhões.

 

Os investidores estão a castigar a empresa liderada por Manuel Manrique Cecilia que confirmou ao regulador de mercados espanhol, a CNMV, esta quinta-feira, 2 de Janeiro, o pedido de "suspensão dos trabalhos" de construção do terceiro conjunto de eclusas no Canal do Panamá, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. A Sacyr participa nesta construção através do consórcio Grupo Unidos pelo Canal (GUPC), ao lado da italiana Impregilo, da belga Jan de Nul e da panamense Constructora Urbana.

 

Devido a "incumprimentos graves e imputáveis à Autoridade do Canal", a GUPC decidiu anunciar a suspensão dos trabalhos, dando um prazo de 21 dias para que sejam regularizados os incumprimentos. A Sacyr fala em sobrecustos de 1,6 mil milhões de dólares (1,16 mil milhões de euros, ao cambial actual), o que representa 50% do valor total do projecto de construção do conjunto de eclusas, avaliado em 3,12 mil milhões de dólares (2,26 mil milhões de euros).

 

"Não importa que tipo de pressão é feita contra a Autoridade do Canal do Panamá. Mantemos a nossa exigência de que o Grupo Unidos pelo Canal respeite o contrato que ele mesmo aceitou e assinou", aponta um comunicado citado pelo "El País" da autoridade, detida pelo Estado panamense, em que as “pressões” são recusadas de forma “categórica”. A ACP recusa-se a dar o investimento adicional exigido pelo consórcio.

 

O consórcio ganhou o concurso, em 2009, para construir o terceiro conjunto de eclusas no Canal do Panamá, infra-estrutura que serve para regularizar o curso de água, de modo a torná-lo navegável. Segundo a Bloomberg, este projecto faz parte da expansão do canal que permitirá o atravessamento por navios de maiores dimensões, ligando assim os dois oceanos. A construção para este conjunto de eclusas é de 3,12 mil milhões de dólares, sendo que o projecto total de ampliação está avaliado em 5,25 mil milhões (3,81 mil milhões de euros).

 

Em destaque com estas informações estão, igualmente, os documentos revelados pela organização Wikileaks e publicados pelo “El País”, em que o vice-presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, é citado a dizer que o projecto de expansão adjudicado à Sacyr era um “desastre”, algo que se iria comprovar dentro de “dois a três anos”. As declarações foram proferidas e publicadas em 2010.

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