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Casais entra no Gana: “África tem muitas oportunidades porque está tudo por fazer"

O grupo bracarense, que estima fechar este ano com uma faturação de 540 milhões de euros, conta começar neste país, no início do próximo ano, com “umas unidades ligadas a saúde e financiadas por entidades internacionais”.

António Carlos Rodrigues, CEO do grupo Casais.
13 de Novembro de 2021 às 09:41
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O grupo Casais vai arrancar, no próximo ano, com a atividade no Gana, depois de ter atrasado os seus planos devido à pandemia, e irá trabalhar na área da saúde, disse à Lusa o seu presidente executivo.

António Carlos Rodrigues salientou que a construtora já tinha criado uma sociedade no Gana há mais de um ano, mas o arranque da atividade sofreu um atraso com a pandemia.

Neste momento, a Casais tem já uma equipa "que se começa a deslocar e vai estar de forma permanente, a partir de 2022, no Gana".

"África tem muitas oportunidades porque está tudo por fazer", realçou, salientando que "o problema é a estabilidade económica e política, bem como a segurança" nesta região.

"O Gana é desses países que tem estabilidade, tem tido apoio e atenção e nações que apoiam o seu desenvolvimento", referiu António Carlos Rodrigues, recordando que a Casais tem "vindo a fazer obras na área da saúde", nomeadamente em Angola.

"No caso do Gana também acaba por ser nessa área da saúde", indicou, salientando que a construtora conta "começar no início do ano umas unidades ligadas a saúde e financiadas por entidades internacionais".

António Carlos Rodrigues referiu que a Casais normalmente está "num mercado para ficar por muitos anos", mantendo-se em quase todos onde estava antes da pandemia.

"Na Europa estamos na Alemanha, Bélgica, França, Gibraltar", indicou, revelando que a construtora resolveu avançar também para Espanha.

"Angola continua a ser um dos nossos principais mercados internacionais," nos quais também se contam Moçambique, Brasil, Dubai, Qatar, Abu Dhabi e EUA, acrescentou.

"Os únicos mercados em que, de alguma forma, reduzimos a nossa atenção foi Argélia e Marrocos", sendo que, durante a pandemia, a empresa decidiu mesmo "descontinuar" o mercado argelino, explicou ainda o responsável.

Quanto ao mercado português, neste momento "estabilizou", garantiu, sendo que "há algumas perspetivas de que poderá continuar a crescer, mas depende das obras públicas" e já há um conjunto de sinais de que vai atrasar por causa das eleições e do Orçamento do Estado.

Segundo o gestor, não se pode também "o desvalorizar o impacto do investimento dos vistos 'gold' e esse efeito multiplicador é positivo", criticando a "confusão" em torno desta matéria.

"Não podemos desvalorizar o impacto que teve na nossa atividade nos últimos cinco anos", sobretudo no imobiliário, referiu.

 

Carteira de obras de 650 milhões de euros

O grupo Casais prevê, para este ano, uma faturação de 540 milhões de euros, "bastante em linha" com os cerca de 520 milhões de euros obtidos em 2020, disse à Lusa o presidente executivo do grupo, António Carlos Rodrigues.

"O ano de 2021 foi muito parecido com 2020", disse o gestor, reconhecendo que, no ano passado, a construtora sofreu "alguns impactos" devido à pandemia, sendo que a maior parte destes efeitos foi na atividade internacional.

"Houve uma redução da mobilidade das pessoas. Foi mais difícil fechar contratos e tomar decisões de novas adjudicações", salientou António Carlos Rodrigues, realçando, no entanto, que em Portugal o negócio "até acabou por ser positivo".

"Fruto do que vinha a ser o trabalho de 2019, e porque já havia uma carteira contratada, 2020 em Portugal até acabou por representar uma duplicação da atividade", adiantou, realçando que o facto de muitos trabalhadores que normalmente estavam fora do país terem regressado a Portugal levou a que houvesse "uma capacidade de produção instalada acima do normal".

De acordo com o presidente da Casais, a faturação de 2020, de perto de 520 milhões de euros, ficou abaixo da obtida em 2019 em perto de 4%, um valor que, tendo em conta a pandemia, o gestor considerou "positivo".

O grupo conta neste momento com uma carteira de obras da ordem dos 650 milhões de euros, revelou ainda.

O presidente da Casais reconheceu que um dos principais problemas do setor neste momento é a falta de mão-de-obra, mas sublinhou que esta questão não afeta só a área da construção.

"Tenho falado com empresários e todos se queixam do mesmo, da falta de capacidade em encontrar pessoas qualificadas", referiu, explicando que no caso da construção, o facto de haver mobilidade de trabalhadores entre países pode acentuar o problema. "É frequente num dia o trabalhador estar em Portugal e amanhã na Bélgica, Alemanha, Espanha", indicou. 

"Depois da crise de 2008 houve uma diminuição com a redução do investimento público e privado e passamos de 600 mil trabalhadores no setor para 200 mil", recordou, alertando que estes valores nunca foram recuperados. 

O grupo, que emprega cerca de 4.600 pessoas, resolveu organizar um evento para atrair talento para todas as áreas, que o presidente considera que não é uma iniciativa "de recrutamento".

"Com a mudança que vai ocorrer na nossa indústria, torna-se muito difícil descrever um perfil de competências como antigamente se fazia. É tão difícil descrever para recrutar que o que temos de fazer é partilhar um pouco o que fazemos com profissionais de vários setores", realçou.

O presidente da Casais garantiu ainda que continua a haver necessidade "de muitas infraestruturas, e de uma forma sustentável".

"É importante que se façam as infraestruturas que são precisas para o futuro, aproveitando esta onda de investimento e impulsionando a formação", referiu, garantindo que "o nível de competitividade global vai aumentar".

 

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