Notícia
Sonae supera resultados pré-pandemia com lucros de 158 milhões até setembro
Vendas recorde e aumento da rentabilidade operacional catapultaram resultados da Sonae. Grupo liderado por Cláudia Azevedo fecha primeiros nove meses do ano com lucros acima dos registados em igual período de 2019.
Depois de sinalizar um regresso à normalidade no primeiro semestre, ao inverter os prejuízos, bastou um trimestre para a Sonae ir ainda mais longe, mesmo no contexto "desafiante" da pandemia. Com lucros de 158 milhões de euros até setembro, o grupo superou os resultados do período homólogo de 2019 (de 131 milhões de euros).
Um desempenho que surge depois de o volume de negócios consolidado ter atingido o "valor recorde" de 5.014 milhões de euros, na sequência de um aumento de 4,7% em termos homólogos, "sustentado principalmente pelos contributos positivos da Sonae MC e da Worten, que continuaram a reforçar as suas posições de liderança", informa o grupo, em comunicado enviado, esta quarta-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
As vendas consolidadas online também não desiludiram, apesar de a base de comparação ser o "extraordinário" ano de 2020, com a Sonae a apontar que o crescimento de 29% figura como uma "evidência clara do sucesso na execução do trajeto digital da Sonae".
A rentabilidade operacional também sofreu melhorias: o EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subjacente aumentou 5,6% em termos homólogos para 415 milhões de euros, enquanto o EBITDA cresceu 23,1% para 531 milhões de euros, beneficiando adicionalmente das "mais-valias significativas da atividade de investimento".
O investimento total da Sonae nos primeiros nove meses do ano situou-se em 355 milhões de euros (com o capex operacional a aumentar 10,1% para 182 milhões de euros), com a aposta em fusões e aquisições a ascender a 174 milhões de euros.
Entre janeiro e setembro, o grupo fundado por Belmiro de Azevedo também apresentou uma "forte geração de liquidez, que atribuiu à "sólida performance dos negócios e pela atividade de gestão do portefólio", ao mesmo tempo que reduziu a dívida líquida (em 375 milhões de euros em termos homólogos para 857 milhões de euros).
Indicadores que, para a Sonae, conferem "uma posição financeira muito sólida que permite ao grupo enfrentar os desafios futuros e explorar oportunidades emergentes".
"O portefólio de negócios da Sonae continuou a apresentar resultados muito positivos", observou a CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, para quem o terceiro trimestre trouxe "sinais encorajadores", como "a rapidez do programa de vacinação" na Península Ibérica, marcando "uma nítida recuperação da situação macroeconómica".
Dona do Continente aguenta pressão dos preços
O crescimento no seio do grupo deu-se em praticamente toda a linha, a começar pela Sonae MC que "continuou a apresentar um forte desempenho ao nível das vendas".
A dona dos supermercados Continente registou um aumento de 5,3% no volume de negócios (para 3.883 milhões de euros) e de 2,3% nas vendas comparáveis nos primeiros nove meses do ano, o que lhe permitiu "reforçar a posição de liderança com mais um aumento da quota de mercado". Um avanço que, no terceiro trimestre, foi alavancado por "uma forte performance dos formatos alimentares", mas também "por uma recuperação robusta" de outros formatos, "após um longo período de várias restrições operacionais", bem como por "um negócio online de sucesso que continuou a expandir após o período de pico da pandemia".
O grupo realça que, "apesar de alguma pressão nos preços (como custos de energia)", a Sonae MC foi "capaz de manter uma margem EBITDA subjacente relativamente estável" entre julho e setembro, a qual foi "suportada pelos ganhos de produtividade e pela melhoria contínua dos processos dos seus negócios ‘core’".
Já a Worten, que registou um terceiro trimestre "forte" depois de um segundo "desafiante", fechou os primeiros nove meses com um crescimento de 3,6% do volume de negócios (para 803 milhões de euros) e de 11,8% das vendas comparáveis, num "desempenho positivo" que, aliado à reestruturação em Espanha, contribuiu para uma melhoria do EBITDA subjacente.
Centros comerciais crescem com alívio de restrições
Também a Sonae Sierra viu o volume de negócios crescer 4,2% nos primeiros nove meses do ano para 107 milhões de euros, numa base contabilística proporcional, atingindo um resultado líquido superior a 6,2 milhões de euros. A melhoria do contexto de pandemia e o abrandamento de restrições na maioria das geografias europeias permitiu à gestora de centros comerciais reforçar "o caminho de recuperação e de progressos operacionais sustentados", sublinha o grupo. Se, por um lado, "as vendas dos lojistas já foram muito próximas dos níveis de 2019 no portefólio europeu", por outro, "a taxa de ocupação na Europa manteve-se elevada, em 95,6% no final de setembro".
Já a Sonae Fashion sofreu uma redução homóloga de 0,6% no volume de negócios para 230 milhões de euros, mas "conseguiu apresentar um crescimento da rentabilidade", com um EBITDA subjacente de 10 milhões de euros, ou seja, seis vezes superior ao registado entre janeiro e setembro de 2020.
Num ano caracterizado pela alteração do modelo de negócio, com o início da parceria com o Banco CTT, o desempenho da Sonae FS demonstra "uma descontinuidade", mas que, ressalva o grupo, "será mitigada ao longo do tempo, com o crescimento da carteira de crédito já acima dos níveis projetados".
Apesar de, em termos proporcionais, o volume de negócios ter caído 3% para 49 milhões de euros até setembro, o alívio gradual das restrições no terceiro trimestre do ano teve "um impacto positivo tanto nos níveis de atividade como de produção" da operação do cartão Universo, com ambos a ficarem acima dos valores de 2020 e de 2019. Também a MDS, da área de consultoria de riscos e seguros, sofreu melhorias no trimestre, com o aumento das vendas e da rentabilidade operacional tanto na comparação com 2020 como face a 2019.
A Sonae IM também esteve ativa no terceiro trimestre, registando uma mais-valia de 5,4 milhões de euros, com a conclusão da venda, em conjunto com os restantes acionistas, da totalidade do capital social da Bizdirect à Claranet. Outra, no valor de 5,1 milhões, resultou da venda da participação na CB4, empresa que fornece software de inteligência artificial patenteado para retalhistas, na qual a Sonae IM investiu no primeiro trimestre de 2019 e que foi adquirida pela GAP.
Em sentido inverso, adquiriu durante esse período uma participação minoritária no capital social da Citcon, empresa sediada nos Estados Unidos descrita como líder na integração de meios de pagamento via carteira digital. Contas feitas, os primeiros nove meses do ano resultaram numa melhoria das vendas, com o volume de negócios da Sonae Im a subir 6,4% para 43 milhões de euros, refere o grupo em comunicado.
Nota ainda para a ISRG (Iberian Sports Retail Group, que inclui as lojas Sportzone) que teve "níveis de vendas acima quer dos números do ano passado quer de 2019" e para a NOS que viu o volume de negócios subir 3,1% nos primeiros nove meses do ano para mais de mil milhões de euros, após "uma forte recuperação" atribuída ao regresso às salas de cinema.
Mais 2.000 empregos num ano
Resultados financeiros à parte, o grupo destaca que o apoio direto dado à comunidade (sob a forma de bens, competências ou recursos financeiros) subiu mais de 20% para 13 milhões de euros, dando ainda conta de que, ao longo dos últimos 12 meses, foram criados mais de 2.000 empregos, "em especial nos negócios de retalho alimentar e de eletrónica, de centros comerciais e de serviços financeiros".