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Mercadona só chega em 2019 mas já compra 63 milhões a portugueses

São 50 os fornecedores lusos que já alimentam as lojas dos supermercados Mercadona em Espanha. A retalhista quer que sejam mais e espera que esse salto se concretize em 2019, com a entrada em Portugal.

Wilson Ledo wilsonledo@negocios.pt 12 de Março de 2018 às 22:00

Na Mercadona, os clientes são sempre chamados de "chefes". O hábito vai chegar também a Portugal no primeiro semestre de 2019. Na lista de aberturas, o grupo de supermercados espanhol já anunciou quatro lojas: Gaia, Maia, Gondomar e Matosinhos.

Antes delas arrancarem, é preciso formar os 200 trabalhadores que estarão no terreno. Todos têm de rumar a Espanha e fazer uma formação paga durante um ano. A empresa promete cobrir as viagens, a cada 15 dias, de regresso a Portugal.

E é aqui que entra em cena o Centro de Coinovação da Mercadona em Valência. De uma forma simples, trata-se de um supermercado sem clientes, onde é possível perceber como funciona um destes espaços comerciais.

Nas prateleiras destes corredores estão, quase sempre, maquetes de produtos. Pães feitos de cerâmica, fruta e peixes impressos em folhas de cartão, carne picada feita de fios de lã ou sacos de congelados apenas com volume lá dentro. Tudo com um realismo que deixa sempre a dúvida no ar quando se anda pelos corredores. "Este é o modelo de loja que vamos levar para Portugal", apresenta Elena Aldana, directora de relações externas da Mercadona para Portugal. São espaços com cerca de 1.800 metros quadrados e nove mil produtos diferentes à escolha.

Os produtos querem-se, neste caso, reais. E portugueses. Essa relação com os fornecedores nacionais já existe. São 50 até ao momento: desde as maçãs desidratadas da Fruteat (embaladas com a marca própria Hacendado da Mercadona), os chocolates da Imperial ou as bolachas da Dan Cake. Sem contar com o peixe das lotas de Matosinhos. "Muitos dos produtos portugueses são frescos", resume a porta-voz.

Só no ano passado, a Mercadona comprou 63 milhões de euros a fornecedores portugueses. É uma subida de 11 milhões em relação a 2016. E a vontade é aumentar o valor quando abrirem as quatro lojas em Portugal. "Estamos muito próximos, mas os gostos são tão diferentes", explica Elena Aldana. Os portugueses, por exemplo, apreciam "sabores mais tropicais" e nos vinhos dão sempre primazia aos nacionais.

A conclusão é possível porque a Mercadona tem a funcionar em Portugal um outro Centro de Coinovação, mais direccionado para o teste de produtos. Fica localizado em Matosinhos e faz parte de um plano de investimento superior a 25 milhões de euros previsto para o país. Foi também já assinado um contrato para instalar uma plataforma logística do grupo na Póvoa do Varzim. As obras estão em curso.

"O objectivo em Portugal é ser português", sintetiza Elena Aldana. Tanto que o grupo criou a sociedade Irmadona Supermercados SA, "para pagar os seus impostos em Portugal". O mesmo país de onde vêm, por exemplo, os fornos da Ramalho que vão equipar as cerca de  800 lojas Mercadona que estão a ser alvo de remodelações em Espanha. Através de um ecrã táctil é possível colocar, em poucos segundos, uma fornada de pão a cozinhar.

A tecnologia estende-se aos carrinhos de compra. A moeda é coisa para esquecer daqui em diante. Mas não se pense que, por isso, tirar o carrinho da loja fica mais fácil. Pelo contrario: ele tem um sistema de bloqueio. Assim que se tenta passar a saída, uma barreira invisível cria-se à nossa frente.

*O jornalista viajou a convite da Mercadona

(notícia corrigida relativamente à localização do Centro de Coinovação mais direccionado para o teste de produtos, que fica em Matosinhos e não em Vila Nova de Gaia)

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