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Como a ganância levou à destruição da BHS

Philip Green está a ser acusado de ser responsável pela falência da retalhista britânica BHS. No entanto, com cúmplices: um deles é a Goldman Sachs.

Reuters
25 de Julho de 2016 às 01:05
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Uma comissão parlamentar no Reino Unido atribui a culpa da falência da retalhista BHS, que originou a perda de emprego a 11 mil pessoas, ao milionário Philip Green. "A inaceitável face do capitalismo", assim se fala desta falência no relatório divulgado esta segunda-feira, 25 de Julho, e citado pelos jornais britânicos e pelas agências noticiosas.


Philip Green foi o dono da cadeia BHS durante 15 anos, até vender, no ano passado, a cadeia de 180 lojas a Dominc Chappell por uma libra e um buraco no fundo de pensões de 571 milhões de libras (680 milhões de euros ao câmbio actual) que pode atingir 20 mil pensionistas, um buraco que Green comprometeu-se a tapar. Entrou sob administração judicial em Abril deste ano. As ainda resistentes 114 lojas deverão encerrar em Agosto. Isabel dos Santos chegou a ser apontada como estando interessada na cadeia de retalho britânico.

Green "apressou-se a vender a BHS", no culminar de uma "ladainha de lamentos por falhas no governo das sociedades e ganância".


O relatório parlamentar, da Comissão do Trabalho, conclui que "Philip Green, Dominic Chappell e os seus directores respectivos, assessores e os seus parasitas são todos culpados", lê-se no relatório que arrasa com a reputação de Philip Green.Os únicos perdedores, acrescenta o documento, são os trabalhadores e pensionistas da BHS. No comunicado, o presidente dessa mesma comissão aponta no entanto o dedo a um mais culpado: Philip Green. "A sua reputação como rei do retalho está agora assente nas ruínas da BHS".

Contactado pela Reuters, Green não quis comentar o relatório, arrasador para o milionário, que detém o grupo Arcadia, detentor de activos no mundo da moda. O relatório acrescenta que Green extraiu da empresa milhões depois de comprar a BHS em 2000 por 200 milhões de libras, deixando a companhia de 88 anos e o seu fundo de pensões "fraco", "perto do colapso". A família, pelo contrário, enriquecia. Muito mais dinheiro foi retirado da empresa do que aquele que foi investido nos anos em que a propriedade foi da família, diz ainda o relatório.

O comprador da BHS também não fica bem na fotografia deste relatório. E muito menos os assessores. O Financial Times escolhe mesmo para título do relatório a intervenção de um banco na mediação do negócio de venda da BHS de Green a Dominic Chappell: Goldman Sachs.

O banco, que contratou Durão Barroso para consultor e "chairman" da subsidiária europeia, é acusado de dar um "lustro" de credibilidade a um negócio condenado. O banco, nomeadamente o gestor Michael Sherwood, ajudou Green a avançar com a venda questionável a um consórcio liderado por Chappel, que já tinha levado à bancarrota outra empresa.

O conselho informal, como lhe chamam, foi um dos 25 relatórios gratuitos feitos pela Goldman para Philip Green nos últimos 12 anos, além de ser a sua gestora de fortunas. O relatório, diz o Financial Times, conclui que o envolvimento da Goldman ajudou Chappel, um ex-piloto sem experiência no retalho, a persuadir outros investidores da credibilidade da sua oferta. Ainda assim, o relatório escreve que a "culpa" da venda – "manifestamente inapropriada" – não pode ser atribuída à Goldman.

Já no domingo, citada pelo FT, a Goldman declarou: "como o relatório reconhece, identificámos riscos à Arcadia mas não demos qualquer aconselhamento ou recomendação e o nosso trabalho informar não pode deveria ser tomado em conta em qualquer decisão de prosseguir com a transacção".

A Goldman volta a não sair bem do caso. Mas Philip Green, agora, conclui o relatório tem o dever moral de agir, cobrindo o buraco do fundo de pensões. "Não temos dúvidas de que Sir Philip tem afeição real pela BHS. Até certo ponto, criou-a; mas também a pode destruir". E destruirá uma história de 88 anos.

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