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Cláudia Azevedo e Pedro Soares dos Santos atacam plano de recuperação. "Falta ambição para o país"
Os dois maiores retalhistas em Portugal uniram-se nas críticas ao plano de Recuperação e Resiliência (PRR), numa conferência organizada pela Aped.
Nem Cláudia Azevedo, presidente da Sonae, nem Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins, pouparam nas críticas sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Falta ambição para o país", atira Cláudia Azevedo, que falava numa conferência realizada esta quarta-feira, 12 de maio, pela APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição), em formato digital. E continuou: "o PRR é uma lista de despesas, não é uma ambição para o país". Para a presidente do grupo Sonae a educação deve ser o ponto central no futuro de Portugal, já que é o maior elevador social e, continua, "só educação nos pode fazer crescer e trazer valor acrescentado".
O presidente da Jerónimo Martins não baixa o tom das críticas. "Um país que tem tendência para empobrecer tem dificuldade em requalificação mão de obra e incorporar desafios no futuro. E Portugal está a empobrecer. Quem se reforma está condenado a ir para a pobreza".
Para Pedro Soares dos Santos Portugal não é um país competitivo para as empresas. "Desde 2001 que não cresço, se eu não cresço estou a perder competitividade". Fala nomeadamente na carga fiscal e recordou, também, os anos que demorou a ter uma licença para uma fábrica de leite: quatro anos.
"Eu continuo a investir muito em Portugal", mas "quem não tem o coração cá? Esse é o problema. Gostamos da terra e lutamos por ela". Mas sem essa ligação sentimental, o que prende uma empresa a Portugal, interroga-se. "Ninguém quer tirar-nos da pobreza", lamenta. Corroborado por Cláudia Azevedo: "temos de investir na educação dos portugueses", para "tirar de sermos cada vez mais pobres e um país que não cresce". A responsável da Sonae deu outro exemplo de falha no PRR: em Espanha há quatro mil milhões para as redes de nova geração; Portugal tem zero. "Não precisamos de mais betão, precisamos de mais cabeça".