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Casa Carneiro fecha ao fim de 116 anos
“’Casa Carneiro... a casa que dá dinheiro’ despede-se, mas acredito que nunca será esquecida”, despede-se a atual proprietária, tetraneta dos fundadores, que vai ceder o espaço para a instalação de um restaurante.
Fundada em 1908 por Abílio das Dores e Amadeu Sousa Carneiro, avô e tio-avô maternos de Francisco Carneiro, que ficou conhecido por Chiquinho Carneiro e transformou a inicialmente batizada como "A Tentadora - Carneiro & Irmão" na popular Casa Carneiro.
Um estabelecimento que começou por ser uma referência em Viana do Castelo no comércio de lã e algodão, tendo adotado o slogan "Quem diz Carneiro... diz lã - Quase meio século a bem servir".
Mais tarde, já sob a gestão de Zenaide Carneiro, o espaço transformou-se numa loja de artigos regionais e numa agência de Jogos Santa Casa Misericórdia de Lisboa, na altura com Totobola e Lotarias, "mantendo-se sempre um ponto de encontro para a comunidade, especialmente durante as Festas d’Agonia onde foi sempre um dos pontos de vendas de bilhetes da Romaria", lembra Antero Gama, filho da atual proprietária do espaço, em comunicado.
Entretanto, já com "Bertinha" na liderança, a loja adicionou a venda de jornais, revistas, tabacaria, e diversificando ainda mais a oferta dos Jogos Santa Casa.
"Mais do que um simples estabelecimento comercial, a Casa Carneiro testemunhou a história, tanto em Portugal como no mundo", enfatiza Antero Gama, lembrando que o estabelecimento da sua família "assistiu", por exemplo, ao Regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, à Implantação da República em 1910, à Revolução dos Cravos em 1974, à adesão de Portugal à CEE em 1986, tendo ainda resistido à pandemia de covid-19.
Após 116 anos de atividade ininterrupta – "nunca se tirou um dia de férias nem fechou sequer aos domingos e feriados" -, a Casa Carneiro encerra definitivamente as suas portas no próximo dia 31 de dezembro.
"’Casa Carneiro... a casa que dá dinheiro’ despede-se, mas acredito que nunca será esquecida", despede-se emocionada a atual gerente Elisabete Mesquita, tetraneta dos fundadores.
"A minha mãe tem 75 anos, já não tem forças para continuar", explica Antero Gama, em declarações ao Negócios.
Proprietária do edifício onde está situada a loja, a família vai agora assumir o papel de senhoria do espaço, que será ocupado por um restaurante que está a instalar-se numa área contígua, revela Gama.