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Tribunal interroga dirigentes do BBVA suspeitos de encomendar escutas telefónicas

Nove dirigentes antigos e atuais do BBVA, o segundo maior banco espanhol, começaram hoje a ser ouvidos em tribunal por um alegado delito de escutas ilegais encomendadas a um ex-polícia envolvido noutros casos muito polémicos em Espanha.

BBVA
Miguel Baltazar
04 de Julho de 2019 às 11:56
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Um juiz da Audiência Nacional, tribunal responsável pelos casos mais graves em matéria financeira, vai interrogar hoje e sexta-feira os suspeitos de terem cometido crimes de "corrupção ativa e revelação de segredos".

 

Entre outros, vão ser ouvidos Angel Cano, que foi presidente do BBVA entre 2009 e 2015, um ex-diretor das operações de risco, um ex-diretor financeiro e um ex-contabilista-chefe. Os três últimos ainda ocupam altos cargos na entidade bancária que também está presente em Portugal.

 

"O inquérito judicial avança e é assim que deve ser", declarou o BBVA quando se soube que os seus funcionários e ex-funcionários eram arguidos neste caso.

 

O banco já tinha reconhecido em janeiro último que tinha utilizado os serviços do grupo Cenyt do polémico ex-comissário José Manuel Villarejo, que está no centro de inúmeros casos que têm abalado as altas esferas do país, inclusivamente a família real espanhola.

 

Este ex-polícia, que está detido desde novembro de 2017, gravou as conversas que teve ao longo dos anos com líderes políticos, magistrados e líderes empresariais sem o conhecimento destes, sendo agora acusado de usar essas gravações para os chantagear.

 

No total, Villarejo teria acumulado o equivalente a "três meses ininterruptos de programas de rádio", revelou em outubro de 2018 a ministra da Justiça espanhola, Dolores Delgado, que também foi alvo das gravações ilegais.

 

A imprensa espanhola tem noticiado que o BBVA, alegadamente, teria utilizado os serviços do ex-comissário de polícia em 2004 e tido acesso a milhares de telefonemas de jornalistas e personalidades altamente colocadas do mundo político e económico, com o objetivo de impedir que o grupo imobiliário Sacyr entrasse no seu capital social.

 

Em janeiro passado, o banco, que anteriormente tinha aberto uma investigação interna sobre o caso, negou ter "encontrado qualquer documentação que refletisse o seguimento e a apreensão de comunicações privadas" durante o inquérito inicial.

 

No entanto, o caso forçou o presidente do banco de 2000 a final de 2018, Francisco González, a renunciar no início de 2019 a todos os seus cargos, inclusivamente os honoríficos, no seio do banco.

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