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S&P diz que banca italiana pode beneficiar de eurocepticismo
A agência de rating considera que os desafios criados pelo Brexit e pelo cepticismo em relação ao projecto europeu podem dar força ao Governo de Matteo Renzi para negociar com Bruxelas soluções alternativas às novas regras de resgate bancário.
A agência de notação financeira Standard&Poor’s considera que o sentimento de incerteza criado com a saída do Reino Unido da União Europeia e o aumento do eurocepticismo pode dar argumentos ao Governo italiano para avançar com o resgate público aos bancos do país.
"As regras europeias de ajuda pública, que requerem o envolvimento explícito do sector privado para reduzir ou evitar o uso de fundos públicos, reduzem significativamente a capacidade dos governos para dar apoio incondicional aos bancos em stress", refere um relatório publicado esta terça-feira e citado pelo Financial Times.
"Mesmo assim, acreditamos que o crescimento do eurocepticismo em vários países, e a incerteza em relação às consequências económicas e financeiras da saída do Reino Unido da UE no referendo de Junho podem dar ao Governo italiano algum poder de negociação nas discussões em curso [entre Roma e Bruxelas]", acrescenta o mesmo documento.
O governo italiano, liderado por Matteo Renzi (na foto), mostrou-se no início do mês disposto a contornar as regras da União Bancária e a recapitalizar a sua banca de forma unilateral sem sacrificar os credores privados, procurando resolver o nível elevado de malparado, que ascende aos 360 mil milhões de euros.
Uma solução que iria ao arrepio das novas regras de resolução para o sector bancário, que pretendem colocar os contribuintes fora das soluções de resgate às instituições - como aconteceu nos últimos anos - e comprometer apenas os accionistas, os obrigacionistas e grandes depositantes.
Itália estará a argumentar que, ao abrigo das regras de resolução da União Bancária - que permitem aos governos financiar bancos caso estes revelem falhas de capital nos testes de stress - não deverá haver custos para os obrigacionistas, porque as regras não forçam a partilha de encargos sobre perdas hipotéticas. Mas admitiu, em último caso, agir unilateralmente para pôr em prática o programa de recapitalização com financiamento público.
Esta terça-feira, o ministro das Finanças italiano, Pier Carlo Padoan, e a chanceler alemã, Angela Merkel, mostraram-se confiantes numa solução para a banca italiana.