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"Se usasse o seu raciocínio não encontrava emprego em Portugal nas próximas décadas", diz Centeno ao PSD
Duarte Pacheco, deputado do PSD, defendeu que Mário Centeno tomou decisões sobre o sistema financeiro enquanto governante que agora geram conflitos de interesse com a função de governador do Banco de Portugal.
Duarte Pacheco reafirmou que o PSD "é contra" a escolha de Centeno para a liderança do banco central português e desfiou um conjunto de argumentos que para os sociais-democratas demonstram falta de independência. Desde logo, o facto de Mário Centeno, enquanto ministro das Finanças, ter tomado uma série de decisões com impacto direto nos bancos que agora terá de supervisionar.
Depois, defendeu que enquanto ministro das Finanças Centeno propôs uma reforma da supervisão financeira que tirava poderes ao governador e ao BdP e acusou o ex-governante de tentar instrumentalizar o banco. E quis ainda saber em maior detalhe os motivos que levaram Centeno a demitir-se do cargo no Executivo de António Costa.
Centeno mostrou-se calmo perante todas as críticas e argumentou que os pedidos de escusa não podem ser decididos de forma genérica, mas em casos concretos. Defendeu que enquanto ministro das Finanças tratou tantos temas da realidade económica e financeira do país que pela linha de raciocínio do PSD não poderia desempenhar nenhuma outra função em Portugal.
Mário Centeno
"A venda do Novo Banco foi feita pelo Fundo de Resolução, não pelo ministro das Finanças. A atuação na CGD foi feita enquanto acionista e o ministro das Finanças atua em nome de todos os portugueses, que aliás tem um interesse comum com o do Banco de Portugal que é a estabilidade do sistema financeiro", defendeu Centeno.
Para defender a inexistência de conflito de interesses, Centeno lembrou ainda que durante décadas os governadores foram ex-governantes do PSD e que há vários exemplos de outros países onde os governadores tinham já desempenhado funções no Executivo.
Sobre a sua saída do governo há algumas semanas, Mário Centeno apontou para o cansaço gerado pelo cargo e repetiu que esteve em funções durante 1.664 dias. "É por isso que nenhum ministro das Finanças teve este tempo com legislaturas completas", notou, recusando todas as razões que tinham sido sugeridas por Duarte Pacheco – desde o interesse pessoal a ir para o banco central, à vontade de instrumentalização dessa instituição, ou mesmo por querer fugir das responsabilidades governativas num momento de crise histórica no país.
(Notícia atualizada às 10:33 com mais informação)