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Salgado assume ter pensão reduzida a dois salários mínimos
"Nunca subornei ninguém em toda a minha vida". A afirmação é de Ricardo Salgado relativamente à Operação Marquês, antes de prestar declarações sobre a contra-ordenação aplicada pelo Banco de Portugal.
O antigo presidente executivo do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, disse esta terça-feira, 31 de Outubro, em Santarém, que nunca subornou ninguém em toda a sua vida e que tem a certeza de que será ilibado da "monstruosidade" da acusação da Operação Marquês. O ex-banqueiro queixou-se, ainda, do arresto da sua pensão.
"Posso-lhe garantir que nunca subornei ninguém em toda a minha vida e já lá vão 73 anos e já foi dito também pelos meus advogados que não cometi nenhum crime. Portanto, quando a investigação chegar ao fim, tenho a certeza que serei ilibado dessa monstruosidade", disse aos jornalistas, quando questionado sobre a acusação no âmbito da Operação Marquês, que tem como principal arguido o ex-primeiro ministro José Sócrates.
Questionado sobre se subornou, pelo menos, indirectamente personalidades como Zeinal Bava, Salgado repetiu que nunca subornou ninguém. Ricardo Salgado declarou que a análise da sua defesa ao processo de investigação da Operação Marquês, que culminou com a acusação de que foi o principal corruptor de José Sócrates, está ainda no início, mas que está "perfeitamente de consciência tranquila". O antigo banqueiro é acusado, neste processo, de 21 crimes, incluindo corrupção.
Ricardo Salgado falava à saída de uma audiência do julgamento do pedido de impugnação da contra-ordenação de 4 milhões de euros que lhe foi aplicada pelo Banco de Portugal por comercialização de título de dívida da Espírito Santo Internacional (ESI) junto de clientes do Banco Espírito Santo (BES), que decorre no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, em Santarém, e no âmbito do qual prestará declarações.
Um processo em que, como o Negócios deu conta, está em curso uma guerra de pareceres entre o ex-líder do BES e o Banco de Portugal.
Outro dos temas das respostas aos jornalistas foi a questão da pensão de Salgado. O antigo banqueiro afirmou que o arresto da sua pensão está a ter um "impacto tremendo" na sua vida e que está a tentar adaptar-se a essa situação.
"Descontei toda a minha vida de banqueiro com um montante de capital muito elevado e agora fiquei praticamente com o correspondente a dois salários mínimos", afirmou.
Salgado ficou com a pensão parcialmente arrestada no âmbito da investigação Universo Espírito Santo, "tendo em vista a garantia de verbas que possam vir a ser declaradas perdidas a favor do Estado". O valor total da pensão, em termos brutos, é em torno de 39 mil euros, mas, havendo arresto, a legislação limita o montante bloqueado: nunca pode ser na totalidade (há um máximo de três salários mínimos de valor impenhorável). No caso do antigo banqueiro, segundo assumido pelo próprio, recebe dois salários mínimos.