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Ricardo Salgado detido e está a ser ouvido em Tribunal

O antigo presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, foi esta manhã detido na casa onde reside, no Estoril, de acordo com o Correio da Manhã. A PGR já confirmou a detenção de Salgado, que está relacionada com a Operação Monte Branco.

Miguel Baltazar/Negócios
Negócios 24 de Julho de 2014 às 09:10
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Ao que o Correio da Manhã apurou, a detenção foi levada a cabo no âmbito da investigação do alegado envolvimento do ex-banqueiro na chamada Operação Monte Branco.

 

A detenção do ex-presidente do BES foi já confirmada pela Procuradoria-Geral da República. "No âmbito do Processo Monte Branco, o Ministério Público (DCIAP) tem vindo a realizar várias diligências que culminaram com a detenção de Ricardo Salgado no dia de hoje. O detido será presente ao juiz de instrução criminal", revela o DCIAP em comunicado emitido já esta manhã.

 

A PGR não avança mais pormenores sobre o caso, dizendo que "o inquérito [Monte Branco] encontra-se em investigação e está em segredo de justiça".

 

O ex-presidente executivo do BES começou a ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, cerca das 10h30, tendo o interrogatório sido interrompido para almoço.

 

A operação foi desencadeada pelo Ministério Público com o apoio de inspectores tributários e liderada pelo juiz Carlos Alexandre e surge no seguimento de buscas efectuadas esta quarta-feira a várias entidades do Grupo Espírito Santo.

 

Não é ainda conhecido qual é o motivo que levou à detenção de Ricardo Salgado. Só depois de terminado o interrogatório, ou no final do dia se este não terminar hoje, se saberá se o ex-presidente do BES vai continuar detido, ou se será aplicada outra medida de coacção, ou mesmo nenhuma. Essa decisão será tomada pelo juiz Carlos Alexandre, sendo que os motivos da detenção que foram avançados por alguns meios de comunicação social são "pura especulação",  disse ao Negócios fonte da Polícia Judiciária.

 

O Económico adianta que a detenção de Ricardo Salgado estará relacionada com o risco de destruição de documentos. O jornal adianta que, alegadamente, o ex-presidente do BES utilizaria telefones encriptados nas suas comunicações.

 

Em Dezembro de 2012, Ricardo Salgado testemunhou voluntariamente no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), no âmbito do caso Monte Branco, depois do seu nome ter vindo à baila por este ter feito três correcções à declaração de rendimentos de 2011, tendo pago mais 4,3 milhões de euros de IRS.

 

Já em Janeiro de 2013, a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um despacho em que considerava que Ricardo Salgado não era suspeito no caso Monte Branco e que não existiam indícios de crimes fiscais. O despacho foi uma resposta a um requerimento de Ricardo Salgado. Sobre a sua adesão ao programa de regularização de capitais no estrangeiro e rectificações da declaração de rendimentos, o presidente executivo do BES disse na altura ao Negócios: "Nunca fugi aos impostos nem sou suspeito disso ou de qualquer outra coisa". 

 

Na edição desta quinta-feira o "Público" escreve também que no quadro deste caso, o Ministério Público investigou 12 transferências de 27,3 milhões de euros efectuadas entre Julho de 2009 e Julho de 2011. Os movimentos terão partido do Banco Espírito Santo Angola para contas de empresas com sede no Panamá e cujos beneficiários são Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires. 

 

A operação Monte Branco está relacionada com um alegado esquema de fuga ao fisco e branqueamento de capitais através da Akoya, sociedade suíça de gestão de fortunas detida por dois dos arguidos neste processo, Michel Canals e Nicolas Figueiredo, antigos quadros do banco suíço UBS, além de Álvaro Sobrinho, presidente não executivo do BES Angola. Segundo explicou o Ministério Público, em nota de Dezembro, em causa está um conjunto de movimentos financeiros, ocorridos entre 2006 e 2012, realizados no quadro de um esquema de ocultação da origem dos fundos e da sua conversão em numerário, abrangendo montantes, na totalidade, "superiores a 30 milhões de euros". 

 
Ministério Público investiga cinco casos que envolvem o grupo

EDP/BES Vida

O BES foi alvo de buscas do Ministério Público em Novembro de 2013. Em causa estaria a investigação sobre o processo de venda em 2008 de acções da EDP, transacção que envolveu o BES Vida e em que há suspeitas de crimes contra o mercado. O BESI foi uma das entidades que montou a operação de entrada em bolsa da EDP Renováveis. Entre os arguidos contam-se José Maria Ricciardi e Amílcal Morais Pires.

 

Privatização da EDP e REN

O Ministério Público está ainda a averiguar se houve crime de mercado na privatização da EDP e da REN, num processo que além do BESI envolve também o Caixa BI, que assessoraram estes processos. As buscas feitas nestas investigações tiveram origem no processo Monte Branco. Além de abuso de informação, estará em causa suspeitas de tráfico de influências. 

 

Monte Branco

O presidente executivo do BES foi ouvido no final de 2012 passado no DCIAP no âmbito da operação que investiga um conjunto de movimentos financeiros ocorridos entre 2006 e 2012, por suspeitas de branqueamento de capitais e fraude fiscal. Num despacho, a PGR disse que Ricardo Salgado não é suspeito, nem há indícios para lhe imputar prática de ilícito fiscal.

 

Submarinos

O presidente da Escom e dois administradores da empresa, à data detida pelo Grupo Espírito Santo, foram os primeiros indiciados por corrupção activa, tráfico de influências e branqueamento de capitais no caso relativo à compra dos dois submarinos alemães. O caso arrasta-se há sete anos. Os honorários recebidos da Escom estarão no centro desta investigação.

 

Escom

A venda da participação na Escom à Sonangol está também a ser investigada pelo DCIAP, envolvendo altos quadros do grupo. Em causa estão transferências de montantes relacionados com o sinal prestado pela Escom, que foram depositados no Crédit Suisse através da Akoya, a gestora de fortunas que está no centro da investigação do caso Monte Branco.

(Notícia actualizada às 14h40)

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