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Ricardo Salgado: "Qualquer outro Governo teria evitado a resolução do BES"

O ex-líder do BES aponta o dedo a Passos Coelho e renova as críticas ao Governador do Banco de Portugal, a quem atribui as culpas pelo surgimento dos lesados do BES. Sobre o Novo Banco, diz que era preferível vender ao BCP ou à CGD.  

Miguel Baltazar
Negócios 22 de Julho de 2017 às 11:03
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Ricardo Salgado renova as críticas duras ao Banco de Portugal a quem atribui a responsabilidade da resolução do BES e do surgimento dos lesados do banco, apontando também o dedo ao Governo de Passos Coelho.

 

"Qualquer outro governo com o mínimo de responsabilidade e sem intuitos populistas teria evitado a resolução de um banco com a dimensão do BES. Não houve até hoje na Europa nenhuma resolução de um banco que tivesse 20% de quota de mercado, que representasse 27% das operações com as PME, tinha 30% no financiamento do comércio internacional… e 2 milhões de clientes".

 

A frase de Ricardo Salgado foi dita em entrevista ao Dinheiro Vivo, onde o antigo líder do BES cita a recapitalização do italiano Monte dei Paschi di Siena, depois do governo italiano ter fugido da aplicação de uma resolução "como o diabo da cruz".

 

Semanas antes do colapso do BES, Ricardo Salgado apresentou ao Governo da altura um plano para salvar o banco e o Grupo Espírito Santo, que exigia a injecção de dinheiros públicos e que mereceu o chumbo do executivo de Passos Coelho.

 

Mas Ricardo Salgado culpa sobretudo o regulador e Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. "O Banco de Portugal provocou o colapso e os lesados do BES", refere Ricardo Salgado, defendendo que a "administração do BES ficou sujeita a uma resolução, por causa das provisões ilegais" que foram determinadas pelo regulador e que "não foram usadas para reembolsar os lesados do BES".

 

Para Ricardo Salgado, "foi a resolução do Banco de Portugal somada à decisão inusitada de se acabar do nome Espírito Santo que apagou das fachadas dos prédios uma marca com mais de 140 anos", uma decisão "absolutamente inexplicável" que ditou o surgimento dos lesados.

 

Diz que "já nem estava no BES no momento da resolução" e o Banco de Portugal iniciou "um processo de intoxicação da opinião pública" com o objectivo de o destruir. 

 

Ainda sobre os lesados do BES, lamenta os que perderam dinheiro e afirma que "estamos a falar de dois mil milhões de euros em papel comercial, num total de depósitos de 35 mil milhões. Era um montante pequeno".

 

O ex-líder do BES aponta ainda o dedo a Álvaro Sobrinho e Hélder Bataglia, que "tiveram um papel terrível na destruição do banco em Angola", tendo efectuado "uma gestão ruinosa". Salgado conta que "só mais tarde vim a perceber que eles eram sócios" e confessa que "este foi um erro meu, de julgamento".

 

Novo Banco vai ser entregue gratuitamente a um conglomerado estrangeiro

 

Sobre a venda do Novo Banco também lança críticas, considerando que "vai ser entregue gratuitamente a um conglomerado misto estrangeiro, com uma reputação que devemos questionar".

 

Afirma que "o Lone Star é conhecido por ser um fundo oportunista que só irá adquirir o banco se tiver garantido, à partida, que quando vender, parte ou a totalidade, terá rendibilidade elevada" e volta a atacar Carlos Costa. "Era preciso salvar em vez de matar o banco. Isto tudo tem sido consequência da pressão que o governador do Banco de Portugal põe na venda do Novo Banco, que é um desastre".

 

Para Ricardo Salgado, "a melhor solução para o Novo Banco era permanecer português, usando o modelo italiano, quer fosse adquirido pela CGD, quer pelo BCP", ou mesmo pelo Banco de Fomento, que "podia perfeitamente ser recapitalizado pelo Estado para reforçar o Novo Banco".

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