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Montepio processa Rendeiro depois de críticas do ex-presidente do BPP

O fundador do BPP escreveu um artigo, no seu blogue, a enumerar problemas no Montepio. António Tomás Correia respondeu ao Expresso que vai processar João Rendeiro. O ex-banqueiro defende-se ao dizer que é apenas uma opinião.

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Na mesma semana em que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) determinou uma coima de 1 milhão de euros por infracções cometidas no Banco Privado Português, João Rendeiro é notícia por um artigo no seu blogue e pelo processo judicial que ele lhe valeu.

 

A 4 de Maio, Rendeiro escreveu um artigo em que apontava razões para dar conta de uma situação frágil no Montepio. Intitulado "Montepio insolvente", Rendeiro dizia que António Tomás Correia, presidente da caixa económica, está a "resistir à mudança" e a "desenvolver um jogo do gato e do rato com o Banco de Portugal que faz, tristemente, lembrar os últimos meses de Ricardo Salgado".

 

Este sábado, o Expresso dá conta de que o artigo publicado no blogue "Arma Crítica" terá consequências. "Pelo ataque ao bom nome do Montepio, esse autor vai responder perante os tribunais", comentou ao semanário Tomás Correia, presidente da associação mutualista e da sua caixa económica. No artigo, Rendeiro dizia que a caixa precisa de um aumento de capital, superior aos 200 milhões de euros que vão ser injectados pela associação mutualista, e que a associação "dificilmente terá os cabedais que se imporão".

 

Depois da notícia, o fundador do BPP voltou a fazer comentários sobre o tema. "O Montepio e Eu", criticando quem o acusa de, por estar sob processos contra-ordenacionais, não poder opinar. "Poderá dizer-se que as minhas opiniões são mal informadas, pouco inteligentes, facciosas até, resultando em conclusões deficientes ou mesmo erradas. Agora, que não posso ter opinião", diz no post de 17 de Maio.

 

Para Rendeiro, "há uma relevante história para contar" no Montepio, que os jornais não têm relatado e que, por isso, relata, nomeadamente nos riscos de investir na instituição financeira. Daí que diga à administração do Montepio que "em vez de matar o mensageiro, será melhor enfrentar, com verdade, os sérios problemas que a sua gestão criou".

 

Rendeiro foi presidente do antigo BPP, que faliu em 2008 e que foi alvo de uma decisão de "inviabilidade" pelo Banco de Portugal dois anos depois. À situação conduziram crimes como falsificação de documentos ou a criação de contas mistério e ainda a transferência de valores para uma carteira de investimento com "exposição ao Lehman Brothers já depois do anúncio público da falência deste banco". Em Maio, Rendeiro teve os seus bens arrestados pela justiça no âmbito do processo.


Já o Montepio é uma caixa económica detida pela Associação Mutualista com o mesmo nome, ambas presididas por António Tomás Correia. A necessidade de capitalização vai levar a caixa económica a fazer um aumento de capital do seu fundo de participação, na ordem dos 200 milhões de euros, que será totalmente subscrita pela associação: embora a caixa queira, depois, transferir essa injecção para outros investidores institucionais.

 

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