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Ramalho: Resultados do trimestre do Novo Banco devem ser olhados "com cautela"

O presidente do Novo Banco afirmou esta quinta-feira que os lucros de 3,7 milhões de euros registados entre Julho e Setembro resultam de uma "política continuada de contenção de custos", mas defendeu que este desempenho deve ser avaliado "com cautela".

Miguel Baltazar/Negócios
10 de Novembro de 2016 às 19:33
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O Novo Banco registou prejuízos de 359 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, o que representa "uma melhoria de 14,3%" face aos resultados líquidos negativos de 418,7 milhões do período homólogo, mas, considerando apenas o terceiro trimestre, o banco teve lucros de 3,7 milhões de euros, segundo informou a instituição à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

 

Em entrevista à Lusa, António Ramalho destacou esta "curiosidade" que é o facto de, "na vida do banco, este [ser] o primeiro trimestre em que o resultado é positivo ainda que marginalmente".

 

O presidente do Novo Banco justifica este desempenho com um "crescimento saudável da margem financeira e um crescimento do produto bancário de 7,5%", para os 667,7 milhões de euros, e com uma "muito bem-sucedida política continuada de contenção de custos, que tiveram uma descida de quase 25%".

 

"Isso permitiu esta melhoria dos resultados trimestrais, mas que devem ser analisados com cautela, atendendo ao facto de que ainda estamos com um volume de imparidades muito elevado, de mais de 700 milhões de euros realizadas nestes nove meses, o que é um valor substancialmente maior do que nos mesmos nove meses do ano passado e, portanto, representa ainda muita cautela", defendeu António Ramalho.

 

O presidente do Novo Banco acrescentou que a prioridade "é a solidez do balanço, mais do que a conta de exploração" e sublinhou que os prejuízos acumulados nos primeiros noves meses do ano são ainda relevantes.

 

"Não nos devemos esquecer que o resultado acumulado dos nove meses ainda é francamente negativo, dado que estamos a falar de 359 milhões, ainda assim melhor do que os 418 milhões verificados no mesmo período de 2015", disse.

 

Questionado sobre as perspectivas até ao final deste ano, António Ramalho reiterou que "o ano de 2016 é um ano em que a prioridade é a solidez do balanço" e acrescentou que "o ano de 2017, já com novos accionistas, será um ano em que se poderá pensar na solidez da conta de exploração".

 

No comunicado enviado à CMVM, o Novo Banco explicou que o resultado registado no terceiro trimestre foi "influenciado negativamente pelo elevado nível de provisionamento e positivamente pela função fiscal".

 

Questionado sobre a que se deve este impacto positivo da "função fiscal" nos resultados do terceiro trimestre, António Ramalho explicou que isso "significa que a reanálise necessária e continuada que é feita sobre os impostos diferidos activos permitiu um benefício de 60 milhões de euros aproximadamente".

 

Já quanto ao impacto negativo das provisões, o presidente António Ramalho afirmou que, "em sentido inverso, o resultado é afectado por uma imparidade mais elevada do que a realizada no ano anterior", superior em cerca de 298 milhões.

 

Relativamente aos depósitos totais do banco, até Setembro, ascenderam a 24,7 mil milhões de euros, ou seja, "menos 2,7 mil milhões de euros face a Dezembro de 2015". Contudo, os depósitos dos clientes do retalho aumentaram mais de 800 milhões de euros.

 

O presidente do Novo Banco recorda que "os depósitos do banco caíram sobretudo no primeiro trimestre e caíram sobretudo na área dos [clientes] institucionais" e destaca que o banco "tem vindo a privilegiar a relação com os clientes do retalho e clientes de pequenas e médias empresas".

 

A 03 de agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.

 

No chamado banco mau ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas. No 'banco bom', o banco de transição designado de Novo Banco, ficaram os activos e passivos considerados não problemáticos.

 

A 4 de Novembro, o Banco de Portugal anunciou que foram apresentadas cinco propostas finais para a compra do Novo Banco, sem revelar o nome dos candidatos.

 

Este novo processo de venda do Novo Banco foi aberto em Janeiro deste ano, depois de o primeiro ter sido suspenso em Setembro do ano passado, quando o Banco de Portugal considerou que nenhuma proposta era interessante. Já depois disso o Novo Banco foi recapitalizado com a transferência de 1.985 milhões de euros de obrigações seniores para o 'banco mau' BES. 

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