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PwC classifica Banif como um banco com debilidades
O Banif tinha "entidades de finalidade especial" nos Estados Unidos às quais fazer um acompanhamento mais próximo, defendeu o presidente da PwC, a auditora do Banif entre 2014 e 2015.
O Banif era um banco com problemas. Tinha várias deficiências, mesmo no período em que o Estado era o accionista maioritário. Era assim que o via a PwC, a auditora da instituição financeira entre 2014 e 2015, até à resolução.
"As deficiências de maior risco estavam intimamente relacionadas com os sistemas de informação, a qualidade dos dados extraídos desse sistema, a salvaguarda de bens de clientes, gestão dos ricos, branqueamento de capitais e governo interno", disse José Manuel Bernardo, o presidente da auditora, na audição desta quinta-feira, 14 de Abril.
Segundo o presidente da PwC, há vários aspectos que mostram as debilidades do Banif mesmo em 2014, quando o Estado já era o accionista maioritário há um ano. Até aqui, todas as entidades que vieram à comissão de inquérito ao Banif defenderam que o banco tinha uma estrutura frágil, com vários problemas, como um excesso de entidades no grupo.
O Banif era, de facto, um banco com problemas, segundo o auditor: "tinha exposição a um conjunto de empresas do grupo Rentipar. É público que algumas dessas empresas tem dificuldades, por terem participado nos aumentos de capital do Banif, por dependerem muito do Banif para gerarem ‘cash flows’".
Uma das partes pouco visíveis no campo do Banif eram as entidades de finalidade especial que o banco tinha nos Estados Unidos. "Tratavam-se, sobretudo, de entidades que tinham activos específicos", explicou o auditor. Serviam para que o banco, "em vez de ter um imóvel nas suas contas, tem uma entidade que é proprietária desse imóvel". "Uma prática muito comum nos Estados Unidos". E, aqui, José Manuel Bernardo levanta dúvidas: "Era possível haver melhor acompanhamento da parte do banco, era muito feito a partir do banco que existia nos Estados Unidos".
Quando ao período de resolução, a PwC defendeu que não foi tendo conhecimento do que estava a ser tratado. Aliás, José Manuel Bernardo disse desconhecer o motivo pelo qual o Banco de Portugal obrigou, em Novembro de 2015, o Banif a constituir imparidades que colocaram os seus rácios abaixo do exigido, acrescentando apenas que sofreu o impacto da reavaliação da Açoreana e argumentando que é normal haver uma variação do valor das imparidades.
Além de ter sido a auditora do Banif (e agora do banco que vai para liquidação e que ficou esvaziado de activos na resolução), a PwC passou a ser a responsável por certificar as contas do Santander. José Manuel Bernardo defendeu que não há qualquer ligação entre o caso.