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Presidente do Crédito Agrícola não vê vantagens em nova entidade de estabilidade financeira

O presidente do Conselho de Administração Executivo da Caixa Central de Crédito Agrícola, Licínio Pina, disse esta quinta-feira que não vê vantagens na criação de uma entidade independente responsável pela estabilidade financeira, proposta pelo Governo.

Bruno Simão
16 de Março de 2017 às 17:54
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"Penso que de momento, e do que conheço, não vejo vantagens, até que me expliquem, em criar essa entidade", disse Licínio Pina, à margem da conferência sobre O Cooperativismo Financeiro, organizada pelo Crédito Agrícola, em Lisboa.

 

Licínio Pina afirmou ainda que considera que "o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e a Autoridade de Supervisão de Seguros (ASF) têm feito bem o seu papel".

 

"Por vezes, há muitas críticas injustas em relação aos reguladores, porque os reguladores têm feito o seu papel [de forma] muito positiva", reforçou.

 

Na semana passada, o ministro das Finanças, Mário Centeno, anunciou no Parlamento que está a ser preparada uma reforma da supervisão do sistema financeiro, que prevê a criação de uma nova entidade de cúpula, com a "responsabilidade última da estabilidade financeira".

 

Também presente na conferência de hoje, a administradora do Banco de Portugal Elisa Ferreira disse à margem do evento que "o anúncio ainda não foi feito de forma detalhada", pelo que vai aguardar para comentar o assunto.

 

"Ouvi o discurso do senhor ministro, contém ideias gerais. Vamos esperar pelo detalhe e, nessa altura, daremos o nosso contributo num espírito de cooperação, porque esta é essencial para a estabilidade", disse Elisa Ferreira.

 

A responsável considera que é do interesse de todos os supervisores articularem-se de modo a rentabilizar ao máximo os instrumentos que estão disponíveis num objectivo comum.

 

"Temos de conversar e articular. [Sobre] o modo concreto de como se faz isso, vamos aguardar pelos detalhes", afirmou.

 

Momentos antes, em resposta a outra pergunta, Elisa Ferreira já tinha dito que os vários supervisores "têm interesses alinhados, todos querem a mesma coisa, querem a estabilidade e a robustez do sistema financeiro".

 

"Portanto, é uma obrigação dos supervisores conversarem, entenderem-se e convergirem neste objectivo comum. Obviamente, estou sempre em contacto com os outros supervisores, porque isso faz parte do meu mandato e das nossas obrigações", acrescentou. 

 

Na quarta-feira, o presidente da ASF, José Almaça, defendeu que a criação de um órgão de cúpula responsável pela estabilidade financeira pode resolver as fragilidades existentes no actual modelo de supervisão.

 

"Há questões cruzadas nos sectores da banca, dos seguros e do mercado de capitais e é fundamental a partilha de informação entre as diferentes entidades de supervisão. Nas resoluções do BES e do Banif não houve essa partilha e isso tem que ser corrigido", realçou à Lusa o líder da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.

 

Em 9 de Março, o ministro das Finanças anunciou no Parlamento a criação de uma nova entidade de supervisão financeira que ficará com a responsabilidade da supervisão macroprudencial e ainda será autoridade de resolução bancária, por considerar que é necessária uma entidade com "visão global do sistema financeiro", que tenha a "responsabilidade última da estabilidade financeira" e ainda as funções de Autoridade de Resolução Bancária.

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