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“O que é que interessa essa pergunta?” Ulrich desafia Ministério Público

“Chairman” e antigo CEO do BPI criticou perguntas do Ministério Público sobre a relação entre o banco e a Espírito Santo Internacional.

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A sessão da tarde do julgamento do BES arrancou de forma invulgar. Inquirido enquanto testemunha, o "chairman" do BPI e antigo CEO do banco não teve pudor em questionar o sentido da primeira pergunta do Ministério Público, que versava sobre a relação da Espírito Santo Internacional (ESI) com o BPI.

Começando por responder que havia uma relação de crédito, Ulrich logo se apressou a acrescentar que não podia incorrer em violação do sigilo bancário. "Para que serve essa pergunta? Amanhã posso levar com um processo", afirmou perante a surpresa dos magistrados.

Mesmo perante o sublinhado, por parte do Ministério Público, de que as questões iam ao encontro daquelas que lhe foram colocadas em fase de inquérito – e às quais respondeu – e também às declarações que fez na Comissão Parlamentar de Inquérito, Ulrich não se coibiu de interromper os procuradores e a própria juíza e mostrou surpresa perante a lógica das perguntas.

"Faz-me muita impressão esse caminho", afirmou referindo-se à linha de inquirição do Ministério Público, causando espanto no tribunal.

"O que temos perante nós é uma situação em que os acionistas do BES perderam 7,3 mil milhões de euros, os obrigacionistas também. O Fundo de Resolução injetou 8,3 mil milhões de euros. Tudo incluído, estamos a falar de prejuízos de 18 mil milhões de euros e estão a perguntar-me por uma relação de 100 milhões de euros?" questionou. "Isto é de tal maneira monstruoso, o que é que interessa essa pergunta?", desafiou mais uma vez.

Mais uma pergunta sobre a ESI, mais uma crítica: "Isso é relevante para quê? Qual é a necessidade disto?"

De tal forma que a própria procuradora recordou que "a relevância das perguntas será avaliada a seu tempo", e que as testemunhas são obrigadas a responder às perguntas.

Enquanto CEO do BPI, Fernando Ulrich ficou conhecido, entre outros motivos, pela frontalidade e ausência de "papas na língua" nas suas declarações públicas. Uma das mais famosas aconteceu em pleno resgate da troika, quando, questionado sobre se o país conseguiria suportar mais austeridade, respondeu: "ai, aguenta, aguenta!".

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