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Nuno Amado: "Não há nenhuma intenção de pedir capital aos accionistas"
Depois de oito dias de fortes quedas nas acções, o presidente do Banco Comercial Português deu uma entrevista à Reuters onde diz que os "accionistas podem estar tranquilos", pois "não está a ser equacionada por nós qualquer operação relacionada com o Novo Banco que implique aumentos de capital dos nossos accionistas".
Nuno Amado garantiu esta terça-feira que o Banco Comercial Português não tem prevista nenhuma operação de aumento de capital, pelo que os accionistas do banco podem "podem estar tranquilos".
Os receios com a necessidade de aumentar capital levaram as acções do BCP a perderem um terço do valor no espaço de apenas oito sessões. No dia em que dispararam 15%, na melhor sessão em quase dois anos, o CEO do banco, Nuno Amado, garantiu à Reuters que essa operação não está a ser equacionada pelo BCP.
"O BCP é super disciplinado e não está a ser equacionada por nós qualquer operação relacionada com o Novo Banco que implique aumentos de capital dos nossos accionistas", disse Nuno Amado, em entrevista à Reuters.
De forma mais veemente, sem falar do Novo Banco, Amado realçou que "os accionistas podem estar tranquilos pois o BCP não está a considerar uma operação ou quaisquer operações que impliquem aumentos capital".
Na entrevista à Reuters o gestor frisou que o BCP "sempre disse que iria analisar a venda do Novo Banco mas apenas porque, pela sua dimensão relativa no sistema, não lhe cabia outra alternativa, senão perceber quais as vias possíveis".
O maior banco privado português foi um dos cinco concorrentes que manifestou interesse na aquisição do Novo Banco, num processo que deverá estar concluído no final deste mês e que os analistas estimam que iria exigir um aumento de capital de cerca de 2 mil milhões de euros no BCP.
Através de operações de aumentos de capital, os investidores colocaram no BCP cerca de 4,4 mil milhões nos últimos cinco anos, sendo que a queda das acções deixou o banco liderado por Nuno Amado a valer 1,3 mil milhões, menos 70% daquele montante.
Mesmo que o BCP não fique com o Novo Banco, a venda da instituição que resultou da resolução do BES pode ter que assumir parte das perdas com a operação, sendo que Nuno Amado lembra que o banco central já esclareceu que, nesse caso, as contribuições normais dos bancos seriam prolongadas por mais anos. "Na nossa conta de resultados, há uma contribuição extraordinária e uma contribuição normal para o Fundo de Resolução que conjugadas não devem ser muito diferentes daquela que teríamos no futuro, caso houvesse esse possível 'gap' com a venda do Novo Banco".
"Não se alterou nada até agora no banco"
Sobre a queda de 33% nas acções no espaço de oito sessões, Nuno Amado reconheceu que o efeito foi "preocupante e o BCP está a monitorar, mas os investidores não devem recear o BCP porque o banco está razoavelmente preparado para fazer face ao seu futuro próximo e se há uma coisa que nós temos é disciplina".
"Nós temos e vamos manter disciplina ao nível das receitas, dos custos - com uma evolução muito boa da margem de exploração e do cost-to-income -, mas também temos disciplina em termos de capital", adiantou.
"Não se alterou nada até agora no banco. A nossa capacidade de ter resultados recorrentes, de ter um cost-to-income inferior a 50% e um cost-to-core income de 53%, que poucos têm, mantêm-se", afirmou.
Quanto à saída do MSCI Global, que motivou parte das quedas das acções, Amado espera "que a prazo voltemos a entrar nesse índice, é um objectivo que temos". O aumento de capital do Popular foi outra das razões que explica a forte pressão sobre as acções do BCP, mas Nuno Amado salienta que o banco espanhol "tem uma carteira de imobiliário muitíssimo maior do que a do BCP".
"A conjugação disto tudo fez com que tivesse havido um efeito vendedor da acção e de 'shorters' significativo. Penso que essas questões, em parte, estão ultrapassadas", disse Amado na entrevista à Reuters.