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Nuno Amado critica novos certificados do Tesouro: Estado deve ser regulador e não interventivo

O presidente executivo do Banco Comercial Português é o primeiro banqueiro a criticar, directamente, os Certificados do Tesouro Poupança Mais, lançados recentemente pelo Governo. Nuno Amado acusa o Governo de desviar dinheiro da economia e defende que o País precisa de um sector privado mais dinâmico.

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04 de Novembro de 2013 às 19:21
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"Já existe muita concorrência no mercado e o Estado deve ser regulador em vez de ser interventivo [neste mercado]. Mas não é isso que está a acontecer", afirmou Nuno Amado a propósito dos novos Certificados do Tesouro.  

 

"Por cada mil milhões de euros que vai para o financiamento do Estado são mil milhões de euros que não vão para o financiamento da economia", disse o presidente executivo do BCP, à margem da conferência de imprensa de apresentação dos resultados dos primeiros nove meses de 2013, acrescentando que "o que o País necessita é de um sector privado mais dinâmico para puxar pela economia".

 

Os novos Certificados do Tesouro, que só no primeiro dia de subscrição, 31 de Outubro, alcançaram os 30 milhões de euros, são vistos como "uma ameaça directa aos depósitos nos bancos". "Este produto é atractivo e constitui uma ameaça directa aos depósitos nos bancos, que nos últimos tempos têm pago menos pelos recursos de clientes”, escreveu o Millennium IB a 14 de Outubro, acrescentando que a elevada rentabilidade do produto do Estado poderá ter um impacto na margem financeira dos bancos.

 

O banco de investimento considera ainda que a "taxa atractiva do novo produto de aforro do Estado pode ser uma ameaça à captação deste tipo de financiamento por parte da banca", com muitos investidores a preferirem as taxas crescentes do Certificados do Tesouro Poupança Mais que chegam a 5%, mas podem ser ainda mais elevadas consoante a evolução do PIB.  

 

Além do Millennium IB, também o BPI é da opinião que este novo produto é "uma ameaça potencial à margem financeira dos bancos e à melhoria da rentabilidade em 2014”, receando que o sector suba os juros para tentar competir com os certificados do Tesouro. 

 

À excepção de Nuno Amado, os restantes CEO dos maiores bancos portugueses optaram por não fazer comentários ao novo produto de aforro do Estado. Apenas Artur Santos Silva, chairman do BPI falou sobre o assunto para dizer que os "bancos não têm problemas com a compra de certificados do Tesouro". "Há muitas pessoas que aplicam em dívida pública. É normal que haja uma base de investidores nacionais", afirmou o responsável a 31 de Outubro passado. 

 

Segundo a edição de sexta-feira do "Diário Económico", os novos Certificados do Tesouro foram um dos temas abordados na reunião entre a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e os líderes do Banco Espírito Santo, BCP, Caixa Geral de Depósitos, BPI, Banif e Montepio, que teve lugar a 1 de Novembro.

 
Crescimento do PIB pode levar taxa de juro acima de 6% 

Os novos certificados oferecem taxas de juro fixas atractivas. Nos dois últimos anos, a remuneração é de 5%, mas pode ser ainda mais alta. O Governo decidiu incluir, no quarto e quinto anos, uma bonificação condicionada ao crescimento da economia. A ideia é que caso haja uma variação positiva do PIB nos quatro trimestres anteriores à data de pagamento dos juros desse período, o investidor recebe um bónus equivalente a 80% da taxa de crescimento. O FMI estima que Portugal cresça 1,8%, tanto em 2017 como 2018. Assim, seria aplicado um bónus de 1,44%. De acordo com os cálculos do BPI, com base nas suas projecções para o PIB português "a bonificação seria em torno de 1,3 pontos percentuais", diz Paula Gonçalves Carvalho, economista-chefe. Ou seja, 6,3%. "O prémio poderá atingir 2,5 pontos percentuais", estima Filipe Garcia, economista da IMF, isto é, 7,5%. Considerando este juro, a taxa média anual oferecida poderá passar de 4,25% para entre 4,77% e 5,25%.  

(Notícia actualizada às 19h41)

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