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Negrão confessa ter ficado “indignado” com grandes devedores do Novo Banco

O presidente da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco diz que toda a documentação será entregue na Procuradoria-Geral da República. Relatório final vai ser apresentado esta terça-feira.

Mafalda Gomes
20 de Julho de 2021 às 07:44
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"Confirmo que fiquei indignado". O presidente da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco, Fernando Negrão, confessa que "apesar da idade, ainda [consegue] ficar indignado com muitas situações".

 

"E as situações que têm a ver com má gestão de dinheiros públicos deixam-me particularmente indignado", reconheceu o histórico deputado do PSD, em entrevista ao jornal digital Eco.

 

No dia em que o deputado relator Fernando Anastácio (PS) irá apresentar o relatório final da comissão de inquérito, cujas audições terminaram a 16 de junho – o debate está marcado para sexta-feira, 23 de julho –, Negrão acredita que o processo relativo ao antigo BES está hoje mais claro para os portugueses.

 

"As comissões de inquérito têm essa virtude: através da divulgação que é feita pelos meios de comunicação social, levar aos portugueses essa maior clareza relativamente não só ao funcionamento do sistema bancário como também da supervisão", acrescentou.

 

Questionado sobre se os 10.447 minutos que duraram estas audições parlamentares terão sido importantes no âmbito judicial – Luís Filipe Vieira, um dos empresários ouvidos, acabou detido no âmbito da operação Cartão Vermelho –, respondeu apenas que o relatório final, tal como as declarações de voto ou outra documentação, incluindo confidencial, "será tudo entregue na Procuradoria-Geral da República".

 

56 audições em três meses


Ao longo de pouco mais de três meses decorreram no parlamento 56 audições da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, num total de 174 horas durante as quais os deputados questionaram e ouviram as explicações dos depoentes.

As audições começaram a 10 de março com João Costa Pinto, antigo presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal e coordenador da comissão que elaborou o 'relatório Costa Pinto', que analisou a conduta do supervisor na resolução do Banco Espírito Santo. E terminaram a 16 de junho com o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo.


A mais longa de todas as 56 inquirições foi a do presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho - com mais de sete horas de duração, obrigou mesmo a uma pausa para almoço -- e a mais curta a do presidente da GNB (grupo Novo Banco) Gestão de Ativos, João Pina Pereira, que terminou em pouco mais de meia hora.

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