Miguel Maya descarta a opinião generalizada de que os resultados positivos da banca dos últimos dois anos tenham sido conseguidos "à boleia" da subida das taxas de juro para combater a inflação. Aliás, "a anormalidade foram dez anos de taxas de juro baixas ou muito negativas", afirmou.
"Não há resultados caídos do céu", disse esta terça-feira, 15 de outubro, na conferência realizada pela Associação Portuguesa de Bancos, que celebra 40 anos. O que deve ser realçado, sem descurar a importância da subida dos juros diretores, é o trabalho do setor na última década ao nível da "eficiência operativa", defendeu.
Neste sentido, o CEO do BCP acredita que a rentabilidade das empresas em Portugal é o fator que faz atrair talento, capital e tecnologia ao país. Apesar da expectativa da redução da margem, o segundo maior banco do país deve conseguir manter os bons resultados, suportados pelo aumento do negócio.
"Vamos assistir à compressão da margem e será possível aos bancos compensarem, vai ser preciso um maior apoio ao financiamento da economia", afirmou o presidente executivo do BCP.
Miguel Maya não deixou de comentar as contribuições extraordinárias que recaem sobre a banca, que vão continuar nos próximos anos, segundo a proposta do Orçamento do Estado de 2025. Em tom de crítica, disse ser um dos "fardos pesados" que dificultam a rentabilidade da banca.
"Andamos a falar em descer um ponto percentual a taxa do IRC e continuamos com impostos adicionais sobre a banca", disse, acrescentado que o cenário torna "muito difícil" ao banco competir na área.