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Merkel sem margem para resgatar Deutsche Bank

A posição dura que Merkel apresentou quanto à ajuda estatal noutros países europeus é a justificação dos media alemães para a incapacidade de avançar com resgate.

19º Angela Merkel, 291 notícias - Depois da crise da dívida, a chanceler alemã voltou a estar no centro das atenções mas desta vez devido à crise dos refugiados
Reuters
02 de Outubro de 2016 às 20:30
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O Deutsche Bank viveu, na semana passada, um dos períodos mais conturbados da sua história. Em bolsa, as acções renovaram mínimos históricos, à medida que se acentuaram os receios de que poderia precisar de ajuda do Estado. Mas o presidente da instituição veio pôr água na fervura. E, no fim-de-semana, os media alemães foram unânimes na defesa de que Angela Merkel não terá margem para resgatar o banco.

 

"Claro que a chanceler Merkel não vai querer dar ao Deutsche Bank qualquer ajuda estatal", escreveu o Frankfurter Allgemeine, citado pela Reuters. "Não vai poder permiti-lo do ponto de vista da política externa porque Berlim seguiu uma linha dura em relação ao resgate de bancos em Itália", justifica. O jornal frisa que a Alemanha, que insistiu para que países como Itália e Portugal aceitassem condições mais duras para resolver os problemas da banca, não pode permitir-se ser vista como branda a lidar com a situação do maior banco do país.

 

Já o Sueddeutsche Zeitung sublinha que, ao ajudar o banco, Merkel estaria a quebrar uma promessa aos contribuintes, o que poderia afectá-la na sua caminhada para a re-eleição no próximo ano e permitir que as forças anti-imigração ganhem terreno. "Um pacote de ajuda estatal levaria os eleitores para os braços do AfD [o partido anti-imigração]", refere o editorial deste jornal, citado pela Reuters. "As considerações políticas internas tornariam improvável que Berlim jogasse esse jogo. E ainda mais improvável é que a Comissão Europeia concordasse. O risco político seria simplesmente demasiado alto", escreve.

 

"O Deutsche Bank tem que ganhar algum terreno porque tanto como podem ter sido exagerados os relatórios que apontavam para os perigos, também são óbvias as suas dificuldades", diz o Stuttgarter Zeitung . "A confiança é o que os bancos têm de mais importante", sublinha.

 

Uma posição em linha com a de Christine Lagarde. Na sexta-feira, a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI) revelou, em entrevista à CNBC, que o banco não precisa de apoio público, mas frisou que são "necessárias medidas" para fortalecer o banco.

 

A tensão aliviou, no final da semana passada. Primeiro, foi divulgada a comunicação interna do presidente executivo, John Cryan, aos funcionários. Neste documento, citado pela Bloomberg, o responsável realça que, "nas últimas duas décadas", o balanço do banco nunca foi "tão estável". Para Cryan, o banco tem sido alvo de "especulação dos media" e que o "trabalho [do Deutsche Bank] é assegurar que esta percepção distorcida não tem um impacto forte no negócio do dia-a-dia".

 

 Além disso, ao final do dia de sexta-feira, surgiram notícias de que o banco estaria perto de chegar a um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos no sentido de reduzir a multa que lhe vai ser aplicada. As primeiras notícias, conhecidas em Setembro, apontavam para uma coima de 14 mil milhões de dólares no âmbito de processos relacionados com o "subprime". Mas a AFP avançou, na sexta-feira, que esta coima pode acabar por ser de 5,4 mil milhões de dólares. O Telegraph revelou, no domingo, que o presidente do banco estará, esta semana, nos EUA, devido às reuniões do Banco Mundial e do FMI, pelo que poderá aproveitar para continuar a negociar com as autoridades americanas. 

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