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Mais um banco regional dos EUA em apuros. NYCB afunda 38% e penaliza setor
O NYCB, que no ano passado comprou grande parte do falido Signature Bank, anunciou nesta quarta-feira um corte do seu dividendo, para ter mais capital, e reportou prejuízos inesperados, gerando uma onda de incerteza no setor e levando a que fosse castigado em bolsa.
O New York Community Bancorp (NYCB), que no ano passado "salvou" o Signature Bank - durante a crise que levou alguns bancos regionais dos EUA ao colapso -, está também agora a revelar dificuldades.
O NYCB anunciou nesta quarta-feira um corte do seu dividendo, para ter mais capital, e reportou prejuízos inesperados, gerando uma onda de incerteza no setor e levando a que fosse castigado em bolsa.
As ações do banco encerraram a afundar 37,67% nesta quarta-feira, para 6,47 dólares, tendo chegado a mergulhar 46% durante a sessão, mas seguem agora na negociação fora do horário regular (o chamado "after hours") a subir 2,70% para 6,64 dólares. Ainda assim, a instabilidade mantém-se.
O índice KBW da banca regional caiu 6%, naquele que foi o seu pior dia desde que a corrida aos depósitos fez cair o Silicon Valley em março passado.
Recorde-se que o Signature Bank foi o segundo banco a falir na crise bancária do primeiro trimestre do ano passado nos EUA. Aconteceu cerca de 48 horas após o colapso do Silicon Valley Bank (e seguiu-se depois o First Republic).
O Signature, com sede em Nova Iorque, operava no segmento das criptomoedas, assumindo-as como um negócio com potencial de crescimento, mas acabou por "perder o pé" e ter de ser "salvo". O NYCB concordou, em março, em comprar uma parte significativa do Signature.
O New York Community Bancorp, através da sua unidade Flagstar Bank, acordou a compra de 38 mil milhões de dólares de ativos do Signature, incluindo 25 mil milhões em depósitos e cerca de 13 mil milhões de dólares em empréstimos, num acordo intermediado pela Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), agência federal dos Estados Unidos cuja principal função é a de garantir os depósitos bancários.
Agora, com este anúncio de corte dos dividendos e de perdas trimestrais, os investidores não perdoaram e levaram as ações do NYCB a mergulharem em bolsa. Esta queda levou esta quarta-feira a uma maior procura, tanto nos EUA como na Europa, por ativos-refúgio, como é o caso das obrigações – com as Bunds alemãs e as Gilts britânicas a registarem os maiores ganhos das últimas seis semanas, e com a consequente descida das "yields".
Após a compra de grande parte do Signature, as ações do NYCB foram bastante apreciadas ao longo de todo o ano, sendo esta instituição nova-iorquina vista como um dos grandes vencedores da crise de 2023, como sublinha o "Financial Times". Mas com o anúncio dos resultados do quarto trimestre, feito nesta quarta-feira, esses ganhos foram completamente apagados.
O banco regional registou perdas de 260 milhões de dólares entre outubro e dezembro, contra um lucro de 164 milhões um ano antes. O NYCB justificou estes prejuízos com um aumento já esperado do crédito malparado – sendo que muitos desses empréstimos estavam endossados a imobiliário comercial, sobretudo edifícios de escritórios.
Já as receitas ascenderam a 886 milhões de dólares, ficando aquém do esperado pelo consenso dos analistas, que apontavam para 932 milhões de dólares.
Thomas Cangemi, presidente executivo do NYCB, relativizou a questão ao falar esta quarta-feira com analistas. O CEO disse o banco está a reduzir o seu dividendo para poder continuar a cumprir com as regulações bancárias, em resultado da compra do Signature – que levaram a que os ativos do New York Community Bancorp passassem a valer mais de 100 mil milhões de dólares e obrigaram a requisitos mais apertados no que diz respeito ao capital mínimo exigível ao banco.
No entanto, as provisões do banco para malparado aumentaram para 552 milhões de dólares, o que assustou analistas e acionistas, aponta a Bloomberg.
Quando aos prejuízos, Cangemini declarou, citado pelo "Financial Times", que o banco passou o quarto trimestre a testar a resiliência da sua carteira de empréstimos ligados ao imobiliário comercial, parte da qual foi adquirida com o Signature, e sublinhou que reviu em alta as perdas esperadas neste segmento.
O CEO disse ainda que a integração resultante da aquisição do Signature demorará mais do que o esperado e que poderá só estar concluída algures no próximo ano – mas que, ainda assim, está tudo a correr bem com esta compra.
(atualizada pela última vez à 01:14)