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Maiores bancos privados passam de lucros a perdas de 133,5 milhões

Os quatro maiores bancos privados que operam em Portugal tiveram, em termos agregados, prejuízos de 133,5 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, o que compara com lucros registados no mesmo período de 2015.

Após meses de resistência, os banqueiros tiveram de pedir ajuda pública. Quase toda a banca privada recebeu dinheiro estatal, o que ditou uma profunda reestruturação em todas as instituições. O Estado ganhou com BPI e BCP, mas perdeu no Banif.
Sara Matos/Negócios
12 de Novembro de 2016 às 10:11
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Nos primeiros nove meses do ano passado apenas o Novo Banco registou prejuízos, mas este ano também o BCP apresentou resultados negativos até Setembro, pelo que os lucros de BPI e Santander Totta não foram suficientes para impedir um cenário global ‘vermelho’ na banca privada.

 

Assim, fazendo as contas, entre Janeiro e Setembro deste ano os quatro maiores bancos privados registaram no conjunto prejuízos de 133,5 milhões de euros, que contrastam com lucros agregados de 173,5 milhões do mesmo período de 2015.

 

Analisando por instituição, os maiores prejuízos cabem ao Novo Banco - o banco de transição que resultou da resolução do Banco Espírito Santo – que apresentou esta quinta-feira resultados negativos de 359 milhões de euros até setembro, ainda assim melhor do que os prejuízos de 418,7 milhões de euros dos primeiros nove meses de 2015.

 

O banco – que está em processo de venda e que tem levado a cabo uma intensa reestruturação, com reduções de custos - destacou, contudo, que conseguiu no terceiro trimestre um lucro marginal de 3,7 milhões de euros, o que acontece pela primeira vez desde que foi criado, em 03 de agosto de 2014.

 

Também o maior banco privado português, o BCP, registou até setembro um prejuízo de 251,1 milhões de euros, que compara com os lucros de 264,5 milhões de euros de igual período do ano passado, justificando que os resultados contabilístico foram influenciados negativamente sobretudo pelo reforço nas imparidades (perdas potenciais), nomeadamente para crédito.

 

Já o Banco BPI conseguiu, até Setembro, fazer crescer os lucros em 21,2% para 182,9 milhões de euros, em resultado de uma melhoria da actividade doméstica para 57,5 milhões, mas principalmente da atividade internacional (sobretudo a operação em Angola, onde tem o BFA) com 125,4 milhões de euros.

 

Na sexta-feira à noite, o BPI divulgou ao mercado o impacto nas suas contas do acordo que fez com a operadora angolana Unitel para a venda de 2% do Banco Fomento de Angola (ficando o BPI com 48,1% e a Unitel com 51,9%, que assim passa a controlar o banco angolano). Se essa operação já estivesse concretizada, à data de 30 de setembro, o BPI teria tido um prejuízo de 25 milhões, em vez de lucro, devido à inversão do resultado da atividade internacional, que passaria de 125 milhões positivos para 84 milhões negativos.

 

Por fim, como tem sido hábito, o Santander Totta voltou a registar um desempenho positivo, com um lucro de 293,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida homóloga de 66,2%.

 

Do resultado líquido do Santander Totta até setembro, nove milhões de euros dizem respeito à integração de atividade bancária do Banif, que adquiriu no final de 2015 por 150 milhões, mas o banco detido pelo espanhol Santander já disse que espera que no futuro esse investimento venha a render ainda mais.

 

Quanto ao banco público Caixa Geral de Depósitos, o maior a operar em Portugal, este ainda não apresentou resultados referentes aos primeiros nove meses do ano, depois de entre janeiro e junho ter tido prejuízos de 205,2 milhões de euros, valor que compara com os lucros de 47,1 milhões de euros do período homólogo.

 

A CGD tem estado no centro de uma polémica devido aos membros da administração liderada por António Domingues, que tomou posse em 31 de agosto deste ano, rejeitarem apresentar as declarações de rendimentos e património junto do Tribunal Constitucional.

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