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Lesados do BES protestam em Lisboa e prometem continuar até ao Parlamento Europeu

Cerca de meia centena de lesados do papel comercial pelo antigo Banco Espírito Santo (BES) e elementos do grupo "Os Inconformados" manifestaram-se este sábado, em Lisboa, e garantiram que vão prosseguir com os protestos até ao Parlamento Europeu.

24 de Fevereiro de 2018 às 18:24
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Pelas 15:00 deste sábado, 24 de Fevereiro, cerca de meia centena de lesados do papel comercial do BES e elementos do grupo "Os Inconformados" concentraram-se junto ao Largo Camões, em Lisboa, empunhando cartazes e gritando palavras de ordem como: "Basta de corrupção".

 

"Fomos burlados com informação falsa dentro do Banco [Espírito Santo], porque os gerentes aproveitaram-se da confiança que nós depositávamos neles. Disseram-nos que havia uma provisão [para nos reembolsarem] e utilizaram-na para pagar a institucionais", disse à Lusa o porta-voz do grupo de lesados do Novo Banco, lesados do papel comercial e lesados emigrantes, António Silva.

 

De acordo com o responsável, os lesados têm tentado contactar com o Novo Banco que, por sua vez, descarta responsabilidades.

 

"O Banco de Portugal criou uma entidade de ponte, o Novo Banco, passando todo o dinheiro que estava garantido para essa instituição e as responsabilidades, paciência. O Novo Banco tem de responder e assumir responsabilidades, tal como está a fazer em Espanha", acrescentou.

 

O porta-voz garante que os lesados recusam a solução encontrada, que prevê o pagamento de 75% das aplicações até 500 mil euros e de 50% para valores acima de 500 mil euros.

 

"Se fossemos nós a dever, o banco também exigia que a totalidade da dívida fosse paga ou então ia penhorar os nossos bens", notou.

 

António Silva garante que as manifestações vão continuar, destacando que o objectivo do grupo passa ainda por chegar ao Parlamento Europeu.

 

"Temos previsto para o dia 9 de Março um protesto junto à sede do PS e da CMVM [em Lisboa]. Estamos a pensar num protesto junto ao Parlamento Europeu, que ainda não tem data definida, porque primeiro temos de tratar da parte logística e obter algumas licenças", concluiu.

 

Aos lesados do papel comercial juntou-se o grupo "Os Inconformados", que se solidarizou com o protesto.

 

"Não há dia nenhum em que não apareçam casos de corrupção em qualquer facção da nossa sociedade. [...] Portugal não tem capacidade para aguentar mais. O dinheiro que está a ser canalizado para onde não deve é, efectivamente, necessário", disse à Lusa, Patrícia Manguinhas, uma das responsáveis do grupo.

 

A representante lamentou ainda que, apesar do convite direccionado a todos os partidos políticos, apenas estivessem representados no protesto de hoje o PNR e o PURP.

 

"Não têm dado resposta às nossas reivindicações. Enviámos a informação para todos os partidos constitucionalmente registados e temos apenas o PNR e o PURP presentes. Tivemos ainda a resposta do PAN, que nos disse que não tinha pessoas disponíveis", indicou.

 

O BES, tal como era conhecido, acabou em 3 de Agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

 

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os activos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e activos tóxicos no BES, o "banco mau" ("bad bank"), sem licença bancária.

 

 

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