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Inovação na banca é influenciada por cripto e "fintech" e "até melhor que noutras indústrias"
A banca tem sabido adaptar-se aos novos tempos, tendo retirado vantagens de várias novidades que têm aparecido em setores paralelos. O risco de cibersegurança é ainda uma questão cada vez maior.
O cruzamento entre a banca e tecnologia é inevitável e cada vez maior. Entre o que tem vindo a impulsionar o setor financeiro estão as "fintech", bem como os criptoativos, ou os ativos digitais, foi o que se falou no painel de inovações no setor da banca, na conferência "Banca do Futuro" organizada pelo Negócios.
"A banca tem conseguido incorporar tecnologia, melhor até que noutras indústrias", começa por explicar Afonso Eça, director executivo do centro de excelência para a inovação e novos negócios do BPI. O metaverso é uma das grandes apostas do banco português, bem como a introdução da componente de inteligência artificial (AI, na sigla em inglês) sempre que possível. E no âmbito da digitalização é um projeto que se soma a mais duas apostas, o "digital by default" e as transações de forma remota.
O futuro é uma "super app", revela Afonso Eça, "um ponto de encontro constante com o cliente" - um encontro entre os serviços financeiros, reserva de viagens, ou mesmo seguros. E as "fintech" têm tido o seu papel no impacto da banca tradicional, apesar de este segmento não ser ainda afetado pelo aparecimento destas instituições, aponta João Fonseca, especialista em banca da Deloitte.
Mas se este aumento da digitalização pode trazer várias novidades, há também um risco ético, por exemplo num pedido de empréstimo, é necessário que exista maior transparência. "É necessária uma componente humana na concessão de crédito", explica João Fonseca, especialista em banca da Deloitte.
Manuel Requicha Ferreira, sócio da Cuatrecasas, completa e acrescenta que há já uma proposta da Comissão Europeia que vai pedir uma análise técnica do crédito - uma definição do porquê de um determinado crédito ter sido aceite ou recusado. Por outras palavras, "há uma preocupação da comissão de que os bancos não concedam crédito a qualquer pessoa e que se justifique quando o crédito não é concedido", remata.
Um dos outros riscos nomeados é a cibersegurança, cuja tensão tem vindo a aumentar, acompanhando o fenómeno geopolítico, indica Manuel Requicha Ferreira. Aliás, Afonso Eça indica ainda que muitas vezes as instituições financeiras não vão tão rápido como poderiam desejar exatamente devido a estes riscos que exigem "cautela e conservadorismo".
"A constante digitaliza digitalização e maior dependência de tecnologia faz com que o risco vá crescendo a par e passo", resume o responsável do BPI. João Fonseca completa referindo que se antes se pensava na inovação primeiro e nos riscos depois, hoje em dia essas prioridades foram trocadas.
A solução passa por "formar talento para lidar com este tipo de situações", adianta Nuno Sousa, diretor de serviços financeiros da Claranet.