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Havia um fundo internacional interessado em pagar 700 milhões pela Tranquilidade

O ex-administrador do BES relatou que Ricardo Salgado avisou a gestão do Banco Espírito Santo de que havia um fundo que iria pagar 700 milhões de euros pela Tranquilidade. Não aconteceu.

Bruno simão
13 de Janeiro de 2015 às 19:06
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Um fundo internacional estava disposto a pagar 700 milhões de euros pela Tranquilidade, seguradora do Grupo Espírito Santo. A informação foi transmitida à comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES por António Souto (na foto), antigo administrador executivo do banco.

 

"O Dr. Ricardo Salgado informou-me, não só a nós [comissão executiva do BES], de que havia uma proposta de um fundo internacional que estava interessado na Tranquilidade", relatou em resposta à deputada centrista Cecília Meireles.

 

Esse fundo internacional – que António Souto não soube identificar – "estava disposto a pagar 700 milhões de euros". Um pagamento que tinha como pressuposto que todo o plano de negócios da comissão executiva, que passava por expansão em Angola e Espanha, fosse cumprido. "Se o plano de negócios não fosse totalmente cumprido, em função dos valores [não cumpridos], havia um repagamento ao investidor. Se o plano de negócios tivesse sido cumprido, não havia direito a qualquer devolução".

 

O BES Investimento calculou, no arranque de 2014, que a seguradora valia 700 milhões de euros, tendo como base um plano de negócios que Souto considerou "ambicioso". Foi com base nesse valor que as acções da Tranquilidade foram dados pelo ESFG, seu accionista, como garantia num penhor perante o BES (que passou, após a resolução, para o Novo Banco): como o ESFG não cumpriu a garantia, o penhor foi executivo e o Novo Banco passou para a Tranquilidade.

 

O Novo Banco acordou a venda da seguradora ao fundo norte-americano Apollo por cerca de 50 milhões de euros. Além disso, o Apollo iria injectar 150 milhões de euros para compensar o investimento que havia sido feito pela seguradora, neste montante, em sociedades do Grupo Espírito Santo. Ao todo, o negócio está avaliado em cerca de 200 milhões de euros – a operação foi anulada por uma providência cautelar.

 

O diferencial entre este valor e os 700 milhões avaliados tem sido criticado na comissão de inquérito. O Instituto de Seguros de Portugal, José Almaça, já afirmou no Parlamento que a seguradora nunca valia aquele montante. 

 

Além da Apollo, apenas a Zurich mostrou interesse público em adquirir a Tranquilidade. 

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