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Governo encontra desvio de três mil milhões no plano da CGD
A situação na Caixa Geral de Depósitos foi um dos temas centrais na audição de Mário Centeno e a sua equipa no Parlamento.
O Governo diz ter encontrado um desvio de três mil milhões de euros no plano de negócios aprovado pelo anterior governo para a Caixa Geral de Depósitos (CGD), e que a nova administração e novo modelo de negócios estão ser ultimados.
"Há um desvio enormíssimo no plano de negócios que o Governo anterior geriu com a CGD que atinge verbas superiores a 3.000 milhões de euros. É necessário alterar este rumo de coisas", afirmou Mário Centeno na Comissão de Orçamento e Finanças do Parlamento, onde está esta manhã de quarta-feira, 6 de Julho.
"O que acontece com a CGD é que necessita de num novo conselho de administração e de um novo modelo de governo, que estão a ser preparados", afirmou, deixando claro que está para breve um novo plano de negócios, que prevê uma recapitalização do banco que vemos "como um investimento" num "activo importante da economia portuguesa".
O ministro respondia a Leitão Amaro, deputado do PSD, que criticou o facto da situação na CGD "se ter vindo a arrastar" e lamentou que, ao mesmo tempo que se anuncia a redução do número de trabalhadores, se prevejam aumentos salários para a nova administração. "É inaceitável", diz.
O tema esteve presente na intervenção de todas as bancadas. Do lado do CDS, Cecília Meireles defendeu que é "difícil imaginar algo que contribua mais para denegrir [a imagem e o valor da CGD] do que a incerteza em que o Governo a mergulhou". A deputada centrista defende serem urgentes respostas a duas questões sobre a recapitalização: "quando e quanto?"
À esquerda, Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, também defendeu urgência na clarificação: "Quanto mais tempo passa até conhecer os montantes da recapitalização e o que justifica a recapitalização, mais espaço estamos a dar ao PSD" para atacar. "Toda a transparência é o que protege a Caixa", acrescentou, defendendo que "é precisa uma auditora e uma investigação ao passado da caixa". Do lado do PCP, Miguel Tiago também inquiriu quais os planos do governo para a Caixa e para os seus trabalhadores.
Mário Centeno não acrescentou muita informação, limitando-se a dizer que a nova administração e o novo plano de negócios estão para breve e que o governo já garantiu que a nova equipa de gestão irá avançar com uma auditoria ao passado do banco. Acrescentou ainda que na CGD serão cumpridos todos os bons princípios de reestruturação, em matéria de redes de balcões e número de trabalhadores, deixando claro que o Governo quer um banco forte, mas que "não pode ser um banco dissociados do ambiente concorrencial" em que a CGD está inserida.