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Cenário de fusão entre BCP e BPI regressa nove anos depois

Esta é a terceira vez que a fusão entre BPI e BCP surge como cenário. A primeira foi em 2006, quando o BCP lançou uma OPA sobre o banco liderado por Fernando Ulrich. Nove anos depois deverá haver uma nova proposta para fundir as duas instituições.

Após meses de resistência, os banqueiros tiveram de pedir ajuda pública. Quase toda a banca privada recebeu dinheiro estatal, o que ditou uma profunda reestruturação em todas as instituições. O Estado ganhou com BPI e BCP, mas perdeu no Banif.
Sara Matos/Negócios
02 de Março de 2015 às 20:24
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A empresária angolana Isabel dos Santos deverá apresentar uma contraproposta à oferta pública de aquisição (OPA) lançada no dia 17 de Fevereiro pelos catalães do CaixaBank. A proposta passará pela fusão entre o BCP e o BPI. Esta é a terceira vez que este cenário surge nos últimos nove anos.

 

A 13 de Março de 2006 o BCP anunciou o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o BPI, oferecendo então 5,70 euros por acção, o que representou na altura um prémio de 19% face à cotação de então. 

 

O BPI rejeitou a oferta, considerando de "hostil" a proposta que, se fosse concretizada, daria origem à maior cotada de então. Na altura o então presidente executivo do BCP, Paulo Teixeira Pinto, revelou que o seu banco tentou, antes de lançar a OPA, realizar uma fusão com o BPI.

 

O BCP foi mantendo sempre a contrapartida oferecida, tendo apenas "cedido" a 24 de Abril de 2007, altura em que elevou para 7,00 euros a oferta. Um valor ainda assim considerado "totalmente inaceitável" pelo BPI. A OPA foi dada como "morta" em Maio de 2007.

 

Cinco meses depois, o BPI contra-atacou, apresentando uma proposta de fusão com o banco. Foi a 25 de Outubro que foi anunciada a proposta. Exactamente um mês depois, a 25 de Novembro, foram dadas por terminadas as negociações entre os dois bancos. E dois dias depois Fernando Ulrich garantiu não ter qualquer intenção de lançar uma OPA sobre o BCP. 

 

BPI: A eterna noiva da banca

 

O "apetite" pelo BPI fez correr muita tinta na imprensa nos últimos 15 anos. Foram várias as operações e especulações que estiveram em cima da mesa, nunca concretizadas. De tal forma que o banco foi apelidado de "eterna noiva".

 

O ano de 2000 começou com um anúncio de fusão entre o BES e o BPI. A operação seria realizada através da troca de 692 novas acções do BPI por cada 100 acções existentes do BES.

 

Foram precisos quase três meses para que esta fusão caísse por terra depois de ter sido noticiado que havia um mal-estar entre os responsáveis das duas instituições. O anúncio da fusão foi feito a 18 de Janeiro de 2000, e caiu no final de Março.

 

Nos anos seguintes não houve novidades, apenas especulação em torno de possíveis interessados. Os analistas apelidaram o BPI de "eterna noiva" da banca nacional – uma empresa que atraia muitos interessados mas que acabava por não concretizar qualquer operação.

 

A 13 de Março de 2006 o BCP anunciou o lançamento da OPA, acima referida, tendo sido rejeitada pelo BPI. Paulo Teixeira Pinto admitiu na altura que, antes de a lançar a OPA, tentou uma fusão.

 

No âmbito desta OPA o BPI, para se proteger, fez alterações aos seus estatutos ainda em 2006 elevando o limite de blindagem, de 12,5% para 17,50%, o que na altura acabou por ditar um reforço do poder do La Caixa e do Itaú. Em Agosto desse mesmo ano o La Caixa reforçou a posição no capital do BPI para mais de 20%. Em Outubro, houve notícias que davam conta de um reforço desta posição. Em Janeiro de 2007, o La Caixa já detinha 25% do BPI.

 

Em 2012, o Itaú saiu do capital do BPI, tendo vendido a sua posição ao La Caixa. O banco espanhol, que é accionista do banco português desde 1995, ficou na altura com mais de 48% do capital da instituição liderada por Ulrich. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) considerou que o lançamento de uma OPA sobre o BPI por parte do La Caixa não era obrigatório. Nesta altura, o limite de votos estava já nos 20%, depois de alteração estatutária em Abril de 2009. 

 

A mais recente investida sobre o BPI foi realizada pelo accionista histórico CaixaBank. A oferta foi anunciada a 17 de Fevereiro, com os catalães a oferecerem 1,329 euros por acção, um prémio de 27% face à cotação de fecho da sessão anterior.

 

Entretanto aumentou a especulação em torno da possibilidade do CaixaBank elevar a contrapartida, com alguns responsáveis a defenderem que o preço oferecido pelo CaixaBank na OPA não reflecte o facto de o grupo catalão ir passar a ter uma verdadeira posição de controlo na instituição liderada por Fernando Ulrich. O que poderá levar a administração do BPI a considerar "baixo" o valor proposto pelo CaixaBank.

 

Mas não foi apenas o BPI que foi alvo de interesse. A instituição liderada por Fernando Ulrich também tem o papel de interessado, neste caso na compra do Novo Banco, instituição criada após o colapso do BES e que ficou com os activos e passivos saudáveis. Ainda no dia 17 de Fevereiro, o banco português reiterou o seu interesse.

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