Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Fitch faz razia aos bancos europeus por assumir que Estados deixam de os resgatar

A agência Fitch reiterou e subiu alguns ratings, mas a acção mais aplicada foi um corte na classificação. Além da Ásia e EUA, um pouco por toda a Europa os bancos viram as suas notações baixarem: 4 em Portugal, 16 em Espanha, 5 em Itália, 4 na Áustria e muitos mais.

24 de Março de 2011 – Fitch corta 'rating' de Portugal em dois níveis, apesar de ter afirmado que a crise política não teria implicações no país. Um dia depois foi a vez da Standard & Poor’s. No dia 29 de Março a S&P volta a cortar a notação financeira e coloca o “rating” do país a um nível do “lixo”.
Bloomberg
19 de Maio de 2015 às 19:42
  • 12
  • ...

A agência de notação financeira Fitch divulgou esta terça-feira, 19 de Maio, as suas decisões sobre a classificação do sector da banca em todo o mundo, mais concretamente nos EUA, Honk Kong, Austrália, Suíça e União Europeia, tal como tinha anunciado no passado mês de Março que faria.

 

Nos EUA, os nomes das instituições financeiras não são ainda conhecidos, uma vez que os mercados só encerram às 21h de Lisboa. De Honk Kong, Nova Zelândia e Austrália vêm relatórios de cortes, mas é sobretudo na Europa, mais especificamente nos Estados-membros da União Europeia, que se observa a maior razia.

 

Estes cortes não significam, conforme sublinha o El Mundo, que estes bancos estejam agora em piores condições para honrarem o pagamento das suas dívidas. O que acontece é que a agência de rating está a fazer reflectir uma nova metodologia de avaliação da qualidade creditícia dos bancos – ou seja, a capacidade para devolverem o dinheiro que pedem emprestado.

 

Assim, a Fitch assume que os credores da banca já não podem continuar à espera que haja ajuda soberana em caso de inviabilidade de alguma instituição financeira, uma vez que essa assistência já não está garantida. Ou seja, há menores probabilidades de resgate em caso de dificuldade. E a sustentar esta revisão da metodologia estão duas regulações europeias aprovadas recentemente, conforme explica o El Mundo.

 

Por um lado, temos a directiva de Resolução e Reestruturação dos Bancos, que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2015 e que estabelece uma série de critérios para aplicar perdas sobre os credores de um banco antes de estes receberem dinheiros públicos - até agora, esses credores estavam protegidos, pois o Estado intervinha antes de os obrigar a perderem parte do investimento que tinham feito.

 

Por outro lado, a Fitch tem também em conta a norma que regula o Mecanismo Único de Resolução, que criará um "mealheiro comum" com contribuições dos próprios bancos (55.000 milhões de euros) para ser usado em posteriores crises bancárias.

 

Foi tendo em conta estas duas mudanças que a Fitch anunciou hoje o corte de dezenas de bancos na Europa. "As iniciativas legislativas, regulatórias e políticas reduziram substancialmente a probabilidade de apoio soberano aos bancos comerciais dos Estados Unidos, Suíça e União Europeia", sublinha a Fitch no seu relatório.

 

Além dos quatro bancos portugueses (o Banif, o BCP, o BPI e o Montepio), a agência desceu a notação de 16 instituições financeiras espanholas, incluindo o Santander, BBVA, Bankia, Popular e CaixaBank (que em Fevereiro passado lançou uma OPA sobre o BPI).

 

Mais concretamente, cortou o rating de cinco bancos (Bankia, BMN, Liberbank, Cajamar e Banco Popular), sendo que o Bankia passou da categoria de investimento para um nível de lixo e os restantes quatro caíram ainda mais no escalão de ‘junk’ em que já se encontravam.

 

Além destes cinco, baixou a notação de mais 11 entidades espanholas [retirando-lhes o rating mínimo que lhes atribuía por poderem aceder a dinheiros públicos, como sublinha o Expansión] que até agora contavam com a garantia de poderem ser resgatadas pelo Estado (com o encargo a recair nos contribuintes), mas que vêem essa possibilidade diminuída: Santander, BBVA, CaixaBank, Unicaja Banco, Kutxabank, Ibercaja Banco, Abanca, Banco Cooperativo Español, Caja Laboral, Caja Rural de Navarra e Caja Rural del Sur.

 

Mas não se ficou por aqui. Em Itália reviu em baixa a classificação da dívida do Unicredit, Banco Popolare, Banca Monte dei Paschi di Siena, Banca Popolare dell’Emilia Romagna e Banca Carige.

 

Na Alemanha, mexeu nas notações do Deutsche Bank (cortou de A+ para A), do Commerzbank [descida de quatro escalões, de A para BBB, que é o penúltimo nível da categoria de investimento - isto é, se for cortado em mais dois níveis, entra na categoria especulativa, o chamado ‘lixo’] e do Postbank, entre outros, ao passo que na Áustria cortou o Erste Group Bank, Raiffeisen Bank Internationalm, UniCredit Bank Austria e Volksbanken-Verbund.

 

Entre muitos outros países que viram a qualidade do crédito da sua banca ser revista em baixa esta terça-feira pela Fitch contam-se, nomeadamente, a Holanda, França, Irlanda, Eslovénia, Malta, Bulgária, Reino Unido, Escócia, Polónia, Dinamarca, Finlândia, Suécia e Noruega.

 

(notícia actualizada às 20:01)

Ver comentários
Saber mais Fitch EUA Austrália Suíça União Europeia Europa Mecanismo Único de Resolução Banif BCP BPI Santander BBVA banca
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio