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Fitch: "Não esperem este nível" de lucros da banca portuguesa em 2024

A agência de notação financeira afasta o risco de deterioração significativa dos ativos, mas avisa que a rentabilidade recorde já terá atingido o pico.

A Fitch será a primeira agência a avaliar o “rating” português após a apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2022 pelo Governo.
Justin Lane/EPA
Os juros mais elevados do Banco Central Europeu (BCE) têm ajudado a banca portuguesa a aumentar os lucros. Contudo, 2024 será um momento de viragem, segundo antecipa a agência Fitch, que afasta, ainda assim, que haja risco para o setor.

"A resiliência do setor bancário português aos choques reforçou-se materialmente em 2023, graças à melhoria da rentabilidade, à melhor capitalização e à estabilidade da qualidade dos ativos", afirmou Julien Grandjeanis, diretor no grupo de instituições financeiras da Fitch, responsável pela cobertura de bancos portugueses, franceses e cipriotas, num evento esta quarta-feira.

A diminuição do crédito malparado tem sido um dos pilares da retoma do setor após a crise financeira. Mais recentemente, a melhoria de rentabilidade está relacionada com o crescimento das margens financeiras já que as taxas cobradas no crédito são ativas (reagem automaticamente aos juros do BCE), enquanto a remuneração dos depósitos são passivas (têm de ser as instituições financeiras a alterá-las).

A conjugação de limpeza de ativos problemáticos e reforço da rentabilidade têm levado, aliás, a Fitch a subir o "rating" dos bancos portuguesas. A agência avalia o BPI (nível BBB+ com outlook estável), BCP (BBB-/estável), Caixa Geral de Depósitos (BBB/estável), Santander Totta (A-/estável) e Montepio (B+/positivo).

Mas com o momento de corte de juros do BCE cada vez mais perto, também as margens financeiras serão afetadas. "Não esperem este tipo de rentabilidade" da banca portuguesa em 2024", avisou o responsável da Fitch, que prevê uma diminuição "ligeira" do rácio rentabilidade operacional média em 2024.

"O menor crescimento do PIB, a pressão inflacionista e os recentes aumentos das taxas de juro deverão aumentar moderadamente as taxas de incumprimento em 2024", refere Julien Grandjeanis, na apresentação do "outlook" para 2024. "Rentabilidade mais baixa, apesar de elevada, e limitada deterioração da qualidade dos ativos", sumarizou.

Os bancos que operam em Portugal começam, na próxima sexta-feira, a apresentar os resultados do ano passado, que deverão materializar-se em lucros muito significativos. Os valores estarão acima dos verificados em 2022 e deverão mesmo constituir recordes, como noticia esta quarta-feira o Negócios.

Os lucros alcançados nos primeiros nove meses do ano apontam para isso mesmo: entre os cinco principais bancos, todos tiveram, entre janeiro e setembro, resultados acima do ano completo de 2022.

Em termos consolidados, a Caixa Geral de Depósitos alcançou uns expressivos 987 milhões de euros até setembro, mais do do que 843 milhões apresentados no ano anterior completo; o BCP atingiu 651 milhões nos nove primeiros meses, que comparam com 208 milhões de euros nos 12 meses de 2022; o Novo Banco conseguiu 639 milhões nos três trimestres, mais do que os 561 do ano prévio; o BPI conseguiu 390 milhões até setembro (tinham sido 365 milhões nas contas finais do ano anterior) e o Santander registou 622 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2023, acima dos 569 milhões apresentados em dezembro de 2022.
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