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Fed ignora maior lição de 2008

Os bancos devem aumentar o seu capital enquanto conseguem.

Bloomberg
13 de Janeiro de 2019 às 16:00
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A crise financeira de 2008 mostrou o que acontece quando o sistema bancário não tem uma base adequada de capital para absorver perdas. Incapazes de captar dinheiro junto de investidores, os bancos foram obrigados a reduzir a concessão de empréstimos exatamente no pior momento para a economia. Em última instância, apenas a credibilidade do governo dos EUA — e a injeção direta de mais de 200 mil milhões de dólares dos contribuintes — manteve estas instituições de pé.

 

A lição foi clara: os bancos devem captar quando podem e antes de precisarem. A autoridade monetária dos EUA (Reserva Federal) aparentemente não aprendeu a lição.

 

A Lei Dodd-Frank, de 2010, impôs à Fed exatamente a responsabilidade de forçar os bancos a construir um colchão de capital adicional em períodos de vacas gordas, quando a economia está a crescer e é relativamente fácil captar recursos. A ideia do capital anticíclico funcionou noutros países, particularmente em Espanha.

 

A questão é quando ampliar esta proteção. Nos EUA, o momento atual parece acertado. A economia tem-se expandido há quase 10 anos, a inflação está próxima da meta da Fed e a expectativa é que o crescimento anual atinja um pico este ano de aproximadamente 2,9%. Os critérios para concessão de empréstimos a pessoas jurídicas estão a deteriorar-se embora os níveis de endividamento das empresas estejam perto de atingir recordes. Do outro lado do Oceano Atlântico, Reino Unido, França e outros oito países europeus já ampliaram as suas almofadas de liquidez.

 

A Fed não fez isso. O motivo, em parte, é a interpretação da Lei Dodd-Frank. O banco central adotou uma regra segundo a qual vulnerabilidades sistémicas precisam de estar "significativamente acima do normal" antes de exigir capital adicional. O presidente da Fed, Jerome Powell, está entre os que acreditam que esse limiar não foi atingido. Quem é contra exigir mais capital também argumenta que os bancos americanos não precisam disto porque já estão melhor capitalizados do que as instituições europeias.

 

É verdade, mas melhor capitalizados não é o mesmo que adequadamente capitalizados. Em média, os seis maiores bancos dos EUA têm menos de sete dólares em capital por cada 100 dólares em ativos. É mais do que tinham antes da crise de 2008, mas provavelmente não o suficiente para evitar problemas numa situação similar.

 

Por exemplo, a equipa de economistas da Fed em Minneapolis calcula que os bancos precisam de mais do dobro do capital para minimizar a probabilidade de resgates do governo. Mesmo se for plenamente implementada, a proteção anticíclica da Fed não chegaria perto de atingir estes valores.

 

Os responsáveis da Fed precisam de perguntar: se não for agora, quando? Se as regras os impedem de agir, é preciso mudar as regras. Quando os investidores tiverem certeza de que há problema no sistema, será tarde demais.

 

(Texto original: The Fed Is Ignoring the Biggest Lesson of 2008: Editorial)

 

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