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CGD: EY admite que pode não ter tido acesso a toda a documentação

Florbela Lima, uma das responsáveis pela auditoria da EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015, admite que, dadas as dificuldades e a complexidade do processo, pode não ter tido acesso a todos os documentos.

26 de Março de 2019 às 16:49
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Florbela Lima, uma das responsáveis pela auditoria da EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015, afirma que, dado a complexidade do processo, e apesar dos esforços, é possível que a auditora não tenha tido acesso a todos os documentos sobre as várias operações de crédito do banco estatal. 

 

"Dado as dificuldades, e apesar dos esforços, é possível que haja documentação que não tenha sido localizada", afirmou Florbela Lima, "partner" da EY na primeira audição da nova comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD. 

 

A análise da EY "baseia-se nos elementos que nos foram disponibilizados", disse ainda a responsável aos deputados, referindo-se à análise da auditora a 16 anos de gestão do banco estatal, que concluiu que foram concedidos créditos mesmo perante o parecer desfavorável da Direção de Risco da CGD. 

 

A "partner" da EY realça o "trabalho de complexidade muito elevada" devido a vários fatores, nomeadamente o facto de ser um "período de análise bastante alargado com ciclo macroeconómicos diferentes durante os quais se verificaram alterações significativas", o que influenciou também a forma como os bancos são geridos. 

 

Além disso, a quantidade de informação e o facto de "até 2013 não haver um arquivo centralizado ou digitalizado" dificultou o trabalho da auditora, que contou, referiu Florbela Lima, com o apoio dos administradores da CGD.

Depois de vários deputados terem questionado a falta de documentação, Cecília Meireles, deputada do CDS, voltou a insistir, perguntando como é que a CGD vai recuperar os créditos se não tem o suporte documental necessário. "É um facto", afirmou Florbela Lima perante esta questão.

 

A "partner" da auditora relembrou, contudo, que estes documentos apenas não foram disponibilizados, o que não significa que não existam. Mas a deputada do CDS reforçou a questão: "O facto de não ter sido disponibilizado é um indício muito forte de que não há sequer contrato. Como é que sem este suporte documental a CGD pode recuperar este crédito?".

EY não avaliou a qualidade das decisões

Questionada sobre se houve créditos de favor na CGD, a responsável da auditora explicou que a análise foi feita a uma compilação de factos e "não à qualidade das decisões tomadas", relembrando que os conselhos de crédito do banco é que decidiam se as operações avançavam, ou não, tendo apenas que justificar a decisão tomada. 

 

Durante a audição, Florbela Lima referiu ainda que não identificou um padrão entre as decisões que fugiram às regras internas do banco estatal e as operações que registaram maiores perdas para o banco.

"Não conseguimos identificar um padrão na nossa análise em que se possa dizer que as situações que não estão em linha com o normativo se verificam apenas e só no top 25 [de maiores perdas]", disse a "partner" da EY.

 

Esta é a primeira audição desta nova comissão parlamentar de inquérito. Segue-se Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, na quarta-feira. Na quinta-feira, será a vez de Vítor Constâncio, antigo governador, se explicar perante os deputados.

(Notícia atualizada às 18h55 com mais declarações)

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