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Ex-administradores do Barclays acusados de cometer fraude para evitar resgate público

A administração do Barclays durante a crise financeira é acusada de pagar às autoridades do Qatar para que fosse injetado dinheiro no banco, o que permitiu evitar o resgate público.

Bruno Simão
23 de Janeiro de 2019 às 16:58
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Começou esta quarta-feira, 23 de janeiro, o primeiro julgamento a um banqueiro relacionado com a crise financeira de 2008/2009 no Reino Unido. O ex-presidente executivo do banco britânico Barclays, John Varley, é acusado pelas autoridades britânicas de ter pago subornos ao Qatar para assegurar um aumento de capital que evitou o recurso ao resgate público.

"Não é nenhum exagero dizer que o futuro do Barclays como um banco independente estava em causa em setembro e em outubro de 2008", afirmou esta tarde Ed Brown, o representante da acusação, perante o tribunal, citado pela Bloomberg, descrevendo os resultados da sua investigação. 

"O dinheiro do Watar era essencial e aqueles que estavam no banco nessa altura comentaram que sem isso [o aumento de capital] as consequências seriam terríveis, para o banco e para cada um deles", uma vez que estavam em causa os seus empregos e os bónus que receberiam, acrescentou Brown.

Em causa está o pagamento de 322 milhões de libras (370 milhões de euros) por parte do Barclays às autoridades do Qatar. Esse alegado suborno fazia parte do acordo firmado entre junho e outubro de 2008 em que o banco britânico assegurou a injeção de capital de cerca de quatro mil milhões de libras (4,6 mil milhões de euros).

Essas comissões pagas ao Qatar representavam na altura o dobro do que o banco normalmente pagava a outros investidores. Além disso, essa informação foi mantida de forma secreta, sem nenhuma comunicação ao mercado. Parte desse dinheiro terá sido entregue ao primeiro-ministro do Qatar, o Sheikh Hamad bin Khalifa Al Thani, que, segundo a acusação, não estava em posição de prestar serviços financeiros ao Barclays. 

A injeção de capital permitiu ao banco escapar ao escrutínio do Governo, ao contrário de bancos como o Lloyds e o Royal Bank of Scotland que foram alvo de resgate público. 

A acusação de fraude (por enganarem os investidores sobre a injeção de capital do Qatar) visa John Varley, o ex-presidente executivo do banco, mas também três dos seus administradores: Roger Jenkins, Tom Kalaris e Richard Boath. Contudo, o banco em si não vai ser julgado, de acordo com a BBC. O julgamento deverá demorar seis meses. 
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