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EUA multam Deutsche Bank por falhas no controlo de lavagem de dinheiro

A multa de 41 milhões de dólares é a mais recente entre as que já foram impostas este ano ao banco alemão, por práticas de manipulação, supervisão negligente e lavagem de dinheiro.

reuters
31 de Maio de 2017 às 01:33
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A Reserva Federal norte-americana anunciou na terça-feira, 30 de Maio, ter aplicado uma multa de 41 milhões de dólares (36,7 milhões de euros) ao Deutsche Bank, por deficiências na fiscalização de transacções potencialmente suspeitas.

 

O banco central norte-americano diz ter encontrado falhas, nas operações do banco nos EUA, no sentido de manter um programa eficaz de cumprimento das leis anti-lavagem de dinheiro.

 

O Deutsche Bank fica agora obrigado a melhorar a supervisão por parte da sua equipa de gestão senior, bem como os controlos internos, de modo a conformizar a sua actividade nos EUA com a lei vigente.

 

Esta multa sucede-se a várias outras já aplicadas este ano pelas autoridades norte-americanas e britânicas.

 

No passado dia 18 de Janeiro, recorde-se, o banco alemão viu ser-lhe aplicada uma multa de 7,2 mil milhões de dólares pelos EUA para encerrar um processo ligado à venda de títulos endossados a hipotecas tóxicas (as chamadas "subprime"), entre 2006 e 2007.


A 23 de Dezembro de 2016, o Deutsche Bank tinha já adiantado que essa deveria ser a quantia a pagar, depois de celebrado um acordo de princípio nesse sentido. Inicialmente, as autoridades norte-americanas reclamavam um valor muito superior: em meados de Setembro, apontavam para uma indemnização de  14 mil milhões de dólares, o que fez com que as acções do banco afundassem em bolsa, com os investidores a recearem que a instituição tivesse de aumentar o seu capital para enfrentar os custos processuais.

 

Posteriormente à multa anunciada a 18 de Janeiro, foi depois anunciado a 30 de Janeiro que o banco alemão tinha concordado também em pagar uma multa de 425 milhões de dólares (397 milhões de euros) ao Departamento de Serviços Financeiros de Nova Iorque para fechar um caso de lavagem de dinheiro russo.


Esse acordo com o regulador nova-iorquino fechou assim as acusações de que funcionários do Deutsche Bank terão usado um esquema que envolvia a compra de acções de clientes em Moscovo, em rublos, que eram depois vendidas em dólares através do banco em Londres.


Estas operações, conhecidas como "negociações espelho", terão permitido que aqueles clientes fizessem sair da Rússia avultadas quantias de dinheiro, ocultando a sua proveniência.


Segundo o regulador de Nova Iorque, este esquema de operações espelhadas terá resultado no desvio indevido de 10 mil milhões de dólares da Rússia entre 2011 e inícios de 2015.


A autoridade reguladora descobriu que um familiar de um supervisor do banco alemão em Moscovo aceitou subornos da ordem de 25 milhões de dólares para que esse mesmo supervisor aprovasse aquelas transacções.


Em finais de Agosto do ano passado, a The New Yorker explicou como se processava todo este esquema. O russo Igor Volkov deslocava-se quase diariamente à sede do banco alemão em Moscovo, entre finais de 2011 e inícios de 2015, e pedia para falar com algum trader, que era frequentemente Dina Maksutova, para realizar duas operações quase em simultâneo.


Na primeira operação, processada em rublos, Volkov comprava acções – em nome de uma empresa russa que ele supostamente representava – de uma grande cotada russa, como a petrolífera Lukoil, por exemplo. Normalmente, cada ordem de compra ascendia a cerca de 10 milhões de dólares.


Na segunda operação, Volkov – em representação de uma empresa diferente, que normalmente estava registada nalgum território offshore, como as Ilhas Virgens britânicas – vendia as mesmas acções russas, na mesma quantidade, em Londres, em troca de dólares, libras ou euros. Tanto a empresa russa como a companhia offshore eram detidas pela mesma pessoa. "Assim, o Deutsche Bank estava a ajudar o cliente a comprar e a vender a ele próprio", conforme explicou a The New Yorker.


Além desta multa que teve de pagar ao regulador nova-iorquino, o banco – sob forte escrutínio das autoridades norte-americanas, já que opera naquele país – viu-se obrigado a contratar um novo supervisor independente [o sexto nos EUA], uma vez que o seu controlo interno falhou.


A conduta do banco neste escândalo ficou sob investigação por parte do Departamento de Justiça dos EUA, do Departamento de Serviços Financeiros de Nova Iorque, bem como de reguladores financeiros no Reino Unido e na Alemanha.


Relativamente a este mesmo caso, o Deutsche Bank fechou um acordo similar com a Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido, que incluiu uma multa adicional de 204 milhões de dólares. Ou seja, com os 425 milhões a pagar aos EUA e os 204 ao Reino Unido, o banco teve de abrir mão de 630 milhões de dólares em multas para fechar este processo.

 

Mas não se ficou por aqui, já que a 28 de Março sofreu um novo revés: o pagamento de uma multa de 150 milhões de dólares por práticas cambiais inseguras e por uma supervisão negligente. A multa foi decretada por um juiz federal do Connecticut por a filial britânica do banco ter manipulado a taxa interbancária Libor na denominação em dólares. 

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