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Deutsche Bank ignorou alertas sobre lavagem de dinheiro no Danske
Funcionários que trabalharam para o Deutsche Bank na altura em que a unidade do banco alemão nos EUA terá estado envolvida num esquema de branqueamento de capitais, alegam que dirigiram avisos a superiores que, por sua vez, decretaram que estes fossem ignorados.
Os alarmes acerca de transações suspeitas soaram várias vezes por parte de funcionários do Deutsche Bank nos Estados Unidos mas foram ignorados na sequência de indicações superiores, avança a Bloomberg. Em causa estavam operações processadas para uma pequena unidade do dinamarquês Danske na Estónia, um caos que já está a ser alvo de investigação da parte da Fed por suspeitas de lavagem de dinheiro.
Os trabalhadores encarregues da "compliance" do Deutsche Bank sinalizaram algumas das operações que constituíram os 150 mil milhões de dólares que o banco alemão processou para o Danske Bank, embora não seja certo se reportaram com urgência. De acordo com um dos funcionários, foram-lhes dadas ordens no sentido de não procurar escrutinar as referidas transações, continuarem os trabalhos com normalidade e manterem-se "calados" em relação a esta questão.
Documentos internos, gravações entregues ao tribunal e entrevistas feitas a dúzias de pessoas – que incluirão atuais e antigos funcionários do Deutsche Bank – indicam que a unidade do banco alemão nos Estados Unidos ofereceu larga resistência a cumprir com os protocolos acerca de lavagem de dinheiro durante anos.
Os funcionários apontam ainda para que o caso de cooperação com o Danske não tenha sido um caso isolado, e que as relações com parceiros além-fronteiras era muitas vezes a prioridade.
A Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos iniciou em janeiro uma investigação ao Deutsche Bank para apurar o envolvimento do banco alemão no esquema de lavagem de dinheiro com o Danske Bank. De acordo com a Bloomberg, a investigação do banco central está ainda numa fase inicial e tem como objetivo apurar se a unidade do Deutsche Bank nos EUA monitorizou de forma adequada as transferências de dinheiro por parte da unidade do Danske Bank na Estónia através do banco alemão.
O maior banco da Dinamarca admitiu em setembro que a maior parte dos 230 mil milhões de dólares que foram movimentados a partir da sua pequena unidade na Estónia, entre 2007 e 2015, tem uma origem suspeita. O Danske Bank está a ser investigado pelo Departamento de Justiça dos EUA, pela SEC (regulador do mercado de capitais dos EUA), bem como pelas autoridades da Dinamarca, Estónia, Reino Unido e França.