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Deutsche Bank denuncia gestor por suspeita de pagamento indevido
O banco deu de braços com um pagamento suspeito de 160 mil euros. O executivo envolvido defendeu-se, afirmando que tal não passava da compra de um carro.
O Deutsche Bank viu-se obrigado a alertar o regulador financeiro alemão, BaFin, nos termos da lei germânica de combate e prevenção de crimes de corrupção, depois de ter encontrado um caso de um pagamento de 160 mil euros. O executivo envolvido defendeu-se, afirmando que tal não passava da compra de um carro.
Asoka Wöhrmann, então responsável pelo departamento de gestão de riquezas pessoais do Deutsche Bank na Alemanha, recebeu o dinheiro em 2018 de Daniel Wruck, diretor da Ice Field Dry Ice Engineering de acordo com os documentos entregues pelo banco alemão ao supervisor e a que o Financial Times (FT) teve acesso.
Além de comunicar a transação, o Deutsche Bank abriu uma investigação interna sobre o assunto, de acordo com duas fontes próximas da instituição financeira, contactadas pelo diário britânico.
A operação ocorreu em setembro de 2017, mas só foi comunicada no final de 2018. Confrontados pelo FT, ambos os executivos explicaram que o caso não passou de uma entrega de dinheiro para que Wruck comprasse um novo Porsche Panamera em nome do amigo Wöhrmann.
"Foi uma transação realizada no âmbito de uma amizade, paralela à relação de clientela e que nada tem haver com esta. Wöhrmann apenas transferiu o dinheiro, para que concretizasse a operação", explicou o advogado do gestor alemão.
Mais tarde, em julho de 2017, Wruck enviou um email à concessionária e pediu o dinheiro de volta já que o carro era para o amigo e este tinha mudado de ideias, ainda que no pedido inicial nunca tenha feito referência a esse detalhe.
No momento desta compra, Wruck e Wöhrmann estavam envolvidos em negociações relativas a uma joint venture sobre a Auto1 FinTech, uma startup financiada pelo banco alemão.
O pagamento de Wruck a Wöhrmann foi considerado suspeito pela unidade de crimes financeiros do Deutsche Bank, pelo que o departamento reportou a situação à Unidade de Inteligência Financeira da Alemanha (UIF), que por sua vez entregou o caso ao BaFin, de acordo com quatro pessoas familiarizadas com o assunto. Tanto a UIF como o BaFin se recusaram-se a comentar o caso.