O Banco de Portugal (BdP) termina o seu comunicado divulgado pouco depois de conhecidos os resultados do BES reafirmando que "estão reunidas as condições necessárias à continuidade da actividade desenvolvida pela instituição e à plena protecção dos interesses dos depositantes". Uma garantia assente, por um lado, na convicção de que o futuro do banco estará assegurado pelo plano de recuperação que a equipa de Vítor Bento irá implementar nos próximos meses para restituir a solidez ao banco. E que deverá contar com a participação de novos investidores privados.

Por outro lado, o BES conta com uma rede de segurança que lhe é dada pelo apoio de liquidez que tem sido fornecido nas últimas semanas pelo próprio BdP, que pode ainda ser reforçado, se for necessário, pela intervenção directa do Banco Central Europeu (BCE).

Finalmente, existe a almofada mais abrangente do apoio público que o Governo de Passos Coelho já terá sinalizado junto do BCE. Existem 6,4 mil milhões de euros disponíveis na linha de ajuda à banca criada no âmbito da intervenção da troika em Portugal. As necessidades de capital do BES deverão oscilar entre os 1.500 e 3.000 milhões de euros, de acordo com os cálculos do Negócios, de modo a cumprir as regras de solidez internacionais. Alguns analistas apontam para 4.000 milhões.

No caso da intervenção do Estado, os depositantes não serão chamados a assumir perdas de acordo com as novas regras europeias de ajuda pública à banca, independentemente dos montantes que tenham em depósitos da instituição.

Refira-se que, em casos mais complexos - por exemplo, reclassificação de produtos ou aplicações subscritos como depósitos mas que são de facto investimento (como aconteceu nos produtos de retorno absoluto do Banco Privado Português) - há sempre o Fundo de Garantia de Depósitos, que cobre todos os depósitos até aos 100 mil euros por conta e por titular.