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DBRS: Custos vão continuar a pesar na banca europeia com digitalização do sector
Apesar de os custos operacionais dos bancos europeus já não pesarem tanto, há outros investimentos necessários, nomeadamente na digitalização do sector. De acordo com a DBRS, estes encargos podem ofuscar os esforços dos últimos anos.
Desde a crise financeira, muitos foram os bancos europeus que tiveram de pôr em prática planos para reduzir drasticamente os custos operacionais, seja através da saída de colaboradores ou de encerramento de balcões. Porém, estes esforços devem agora ser ofuscados pelo encargo que a digitalização do sector representa para as instituições financeiras.
"Embora os custos extraordinários tenham agora tendência a ser menores, a maioria dos bancos europeus está em processo de melhorar os sistemas de tecnologia de informação", refere a DBRS, numa nota publicada esta quarta-feira, 5 de Dezembro.
Neste sentido, a "poupança alcançada através da optimização da rede de balcões ou centralização dos escritórios tende a ser ofuscada pelos custos adicionais relacionados com investimentos na digitalização e também, embora em menor proporção, com os encargos associados à regulação e, em alguns casos, custos com reestruturação", salienta a agência canadiana.
"Isto está a contribuir para manter os custos operacionais elevados, apesar de estarem a recuar em 2018", refere ainda. Entre 2016 e 2017, a maioria das instituições financeiras europeias continuou a reduzir o número de balcões (recuou em média 4,1% nos bancos seguidos pela DBRS) e de colaboradores (menos 2,7%).
Apesar destes esforços e da queda dos custos este ano, a DBRS antecipa que os investimentos necessários, nomeadamente na digitalização, vão dificultar a tarefa dos bancos europeus na redução substancial dos encargos no futuro.
"A DRBS nota que os bancos estão a investir em tecnologia, enquanto se mantêm focados na redução dos custos. Contudo, no futuro, considerando os investimentos necessários, os custos de manutenção e os encargos relacionados com regulação e 'compliance', a agência de notação antecipa que os custos não devem diminuir significativamente", refere.
Num cenário de taxas de juro persistentemente baixas, a pressão sobre a rentabilidade vai, por isso, continuar a ser um desafio e o foco na contenção de despesas vai continuar a ser crucial, remata a DBRS.
Bancos portugueses estão a apostar na tecnologia
Este investimento na digitalização faz parte dos planos dos bancos portugueses, numa altura em que se debatem para concorrer com novos "players" que estão a entrar no mercado, nomeadamente as chamadas fintech.
Como afirmou recentemente o presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, a instituição financeira deverá investir, nos próximos três anos, cerca de 80 milhões de euros neste processo. Isto passa não só pelos sistemas internos, mas também tem impacto nos produtos a vender, explicou.
Miguel Magalhães Duarte, director de Comunicação do Millennium BCP, referiu na conferência Futura, organizada pelo Negócios, que o objectivo do banco é ter 60% de clientes digitais até 2021. Hoje, nem metade dos clientes do BCP usam plataformas digitais.